No último sábado (08), a China deu início a uma sequência de três dias de exercícios militares próximo ao território de Taiwan, em resposta ao encontro da presidenta taiwanesa, Tsai Ing-wen, com o atual presidente da Câmara dos Estados Unidos, Kevin McCarthy. O encontro foi realizado terça-feira (04) na Biblioteca Presidencial Ronald Reagan, em Los Angeles.
Segundo uma nota publicada pela Xinhua, agência oficial de notícias do governo chinês, o Ministério das Relações Exteriores declarou que as manobras militares configuram-se como "medidas firmes e eficazes para salvaguardar a soberania nacional e a integridade territorial" da república chinesa.
Mesmo com explícitas ameaças vindas da China, a líder taiwanesa reforçou o preparo e prontidão da ilha em se proteger. A presidenta afirmou que Taiwan tem demonstrado à Comunidade Internacional sua capacidade de gerenciar riscos com serenidade, manter a paz e a estabilidade regional.
"As relações Taiwan-Estados Unidos continuam a se aprofundar e a cooperação bilateral - em vários intercâmbios: economia, comércio e segurança - tiveram um progresso significativo nos últimos três anos", destacou Tsai Ing-wen em Nova York.
Kevin McCarthy, em seu discurso de boas-vindas à presidenta, por vezes, elogiou a atuação de Ing-wen e reforçou o compromisso estadunidense com a ilha: "A amizade entre o povo de Taiwan e a América é um assunto de profunda importância para o "mundo livre" e é fundamental para manter a liberdade econômica."
Os discursos dos representantes enfatizam a valorização da democracia, a manutenção da paz e o progresso autônomo de Taiwan, sem mais a tutela chinesa. O posicionamento da China, no entanto, permanece firme no reconhecimento da ilha como uma “província rebelde” que faz, indiscutivelmente, parte de seu território. O governo chinês não cede e mantém-se fiel ao projeto de “uma só China”.
Com o objetivo de evitar maior provocação da república chinesa, a reunião da líder taiwanesa com a delegação de políticos estadunidenses foi classificada como não oficial pelo Departamento de Estado americano, o qual pediu moderação nos exercícios militares da China.
Em agosto de 2022, uma visita da ex-presidenta da Câmara dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, a Taiwan teve resposta semelhante. A China arquitetou manobras militares que visavam cercar a ilha por meio de navios e aviões de guerra. O país usufruiu, inclusive, do lançamento de mísseis sobre a "província rebelde". Em tom de formalização, o governo chinês classificou a atuação militar como uma resposta aos "atos negativos dos Estados Unidos com relação a Taiwan" e declarou que as manobras serviam como alerta às forças separatistas.
Ainda no sábado (08), a porta-voz do Ministério de Relações Exteriores da China, Mao Ning, disse que o governo chinês não reage exageradamente, apenas se posiciona em oposição à promoção da "agenda separatista" formalizada no encontro de Ing-wen e McCarthy. O Ministério da Defesa de Taiwan declara ter detectado um total de 49 aviões de guerra vindos da China nos arredores da ilha.