A charge e a sociedade na visão de Renato Aroeira

“A charge é um pedacinho deste caldo cultural que precisa para uma sociedade mudar de rumo”
por
Maria Luiza Oliveira
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07/04/2021 - 12h

O cartunista brasileiro Renato Aroeira, nascido em Minas Gerais, ficou conhecido por suas inúmeras charges com duras críticas políticas: “Eu sou um crítico social. E a crítica social tem a função de criticar a estrutura que garante a permanência do que está errado e assim por diante. ”

Aroeira iniciou sua carreira na editoria de esporte do Jornal de Minas e com ilustrações para livros pedagógicos, “eu começo trabalhando com educação e depois com cartoon. O que facilitou para eu aceitar as críticas mais tarde como chargista. ”

Surgiu a oportunidade e espaço para ele se aprimorar como chargista político, contudo, ele afirma que o seu aprendizado sobre o tema ocorre no movimento estudantil e na reconstrução da imprensa sindical, “(...) a partir daí eu parei de fazer simplesmente uma charge política e comecei a entender realmente o que era a política”, afirma Aroeira. 

Imagem retirada do Instagram do Renato Aroeira (@arocartum)
Imagem retirada do Instagram de Renato Aroeira (@arocartum)

Em suas obras, Aroeira espera que as pessoas se divirtam, mas que identifiquem aquilo que está sendo apontado e o “gosto amargo da charge”. “Eu não espero que uma charge resolva algum problema, nem provoque uma revolução ou coisa parecida. A charge é um pedacinho deste caldo cultural que precisa para a sociedade mudar de rumo. ”

Para o chargista, não pode existir a simplificação do humor a ser passado para a sociedade, “a simplificação dá a origem de uma compreensão muito diferente do que você pretendia”. Aroeira explica que há três questões envolvidas para o desenvolvimento de uma charge: “(...) o que você quis dizer, o que você disse realmente e o que as pessoas vão interpretar”

Charges do Instagram do Renato Aroeira (@arocartum)
Charges do Instagram do Renato Aroeira (@arocartum)

Aroeira continua dizendo que: “O humor simplificado tende a ser um humor muito rasteiro e ele costuma ser homofóbico, racista, sexista. Ele tem vários preconceitos da sociedade embutida, pois costuma trazer o riso mais fácil. O chargista precisa tomar cuidado com isso”

Além disso, Renato afirma que sua visão de crítica é com aquilo que está errado socialmente, “Essa é a minha visão de crítica, eu não consigo achar graça com uma piada com negro, LGBT, mulher. Não tem graça, essa é a piada do opressor” - e continua: “ (...) eu não bato em quem está apanhando. Eu não vou fazer charge criticando uma mulher, por exemplo, pois ela já vive uma situação de opressão na sociedade. ”

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