Desde 2018 Guilherme Boulos( 38) esta em evidencia no lado esquerdo da politico brasileira, filiado ao PSOL desde 18 lançou a candidatura a presidência pelo partido e obteve aproximadamente 617 mil votos, apesar das inúmeras fake News ligadas a ele por conta do passado na militância pelo MTST( Movimento dos Trabalhadores sem Terra), o resultado foi considerado bom pelo partido. Agora se lança num novo desafio ao lado da histórica prefeita da cidade de São Paulo; Luiza Erundina (86) em busca do cargo mais alto do executivo da cidade.
Guilherme Boulos e Luiza Erundina( Foto: Folha de São Paulo)
Para a surpresa de muitos, a chapa já começou muito bem nas intenções de voto em são Paulo antes mesmo de começar a campanha, cerca de 8 pontos percentuais. De acordo com a ultima pesquisa Datafolha(5\11) Boulos se encontra consolidado com 14 pontos e com a margem de erro está tecnicamente empatado com Celso Russomano e Márcio França na briga por uma vaga no segundo turno.
Desde o começo a campanha sempre teve pouca verba e tempo de tv para trabalhar, nesse aspecto decidiu focar em ações que se comunicassem com diversos públicos e camadas sociais da cidade, uma constante na campanha é a produção de vídeos que desmentem as diversas fake News atribuídas a chapa; existe uma aba só para isso no site da campanha.
Aba de espaço ao combate das Fake News que a campanha de Boulos faz em seu site
Ações como o se vira no 50 e o na lata; viralizaram nas redes sociais o objetivo foi traçado para suprir a falta de tempo e ausências de debates que acabaram acontecendo por conta da questão da pandemia que assola a cidade de São Paulo; outro destaque da campanha é o envolvimento de diversos movimentos de rua e estudantis além que qualquer um pode contribuir para a campanha a partir de dez reais.
Para entender um pouco mais como a campanha se reinventou e as estratégias usadas para combater as desinformações e como fazer uma campanha tão ativa numa situação pandêmica conversei com Thales Migilari, 25 anos que é coordenador da campanha pela juventude e faz parte da campanha de Guilherme Boulos e Luiza Erundina
Desde o começo vocês tiveram muita pouca verba, o como vocês decidiram onde iam focar? E como foi montada essa estratégia principalmente nas redes sociais?
As redes sociais do Guilherme Boulos já estavam entre as maiores dos representantes da esquerda em todo o Brasil. Com muita criatividade e uma linguagem acessível, direcionada a diferentes públicos de interesse, conseguimos crescer ainda mais. Tendo em vista a pouca verba, a comunicação foi um dos principais focos, tanto pela vigência da pandemia, quanto pela centralidade que ela adquiriu nas últimas eleições.
Vocês estão produzindo diversos vídeos para suas redes sociais, qual foi o critério usado para as escolhas dos temas dos vídeos? desmentir as diversas fake News atribuídas ao Boulos é uma das prioridades da campanha?
A produção de conteúdo para as redes sociais é definida de acordo com as estratégias da campanha e atualizada semanalmente, para responder aos novos fatos políticos. O eixo norteador da campanha é a inversão de prioridades na cidade de São Paulo para colocar a periferia no centro e defender os interesses do povo. Com certeza a resposta às fake news são parte das prioridades por dois motivos: porque foi amplamente difundida pela extrema-direita, principalmente desde a eleição de 2018, e porque somos uma campanha anti-sistêmica, que enfrenta os privilégios da elite paulistana.
Como surgiram algumas ideias da campanha como a música sobre o celta do Boulos? Alguma personalidade que está contribuindo para a campanha deu alguma sugestão para a campanha?
O carro celta do Boulos viralizou na campanha por ser o único patrimônio em seu nome declarado na campanha. Boulos tem origem na classe média, mas vive há muitos anos uma vida modesta na periferia da capital paulista, atuando ao lado do movimento de moradia. Nunca foi de seu interesse entrar na política para fazer carreira ou enriquecer, mas sim para transformar a vida das pessoas. A ideia da música vem daí. Existem muitas personalidades apoiando e contribuindo com a campanha. Caetano Veloso, inclusive, fará uma live em breve para arrecadar recursos nessa reta final.
Como se deu a estratégia para chegar em pessoas fora da bolha que vocês estão acostumados?
Nossa campanha é conhecida e tem a simpatia de todos aqueles identificados com a esquerda. É uma necessidade furar a bolha para chegar ao segundo turno. Começamos a campanha como uma das candidaturas menos conhecidas pelo eleitorado paulistano. A saída, além das redes sociais, foi intensificar a campanha nas ruas.
A falta de debates intensificou as ações de rua como o se vira no 50 e o na lata?
Com certeza. A falta de debates favorece os candidatos mais conhecidos, os que tem maior tempo de televisão e que controlam a máquina do estado. As ações de rua e o "na lata" foram saída para furar esse isolamento.
Nos últimos dias, uma foto viralizou mostrando um comício do Boulos cheio e muitas pessoas sem máscara. Como vocês estão lidando para controlar essas situações durante a pandemia? E o que acha que pode melhorar?
A pandemia atingiu em cheio o país e a capital paulista. Bolsonaro não queria sequer implementar uma política de renda solidária suficiente para aliviar os impactos na maioria da população. Covas priorizou a construção de hospitais de campanha na região central da cidade e não abriu qualquer debate sobre políticas de transferência de renda para os mais pobres. A capital paulista é uma das cidades com o maior número de vítimas em todo o mundo. A responsabilidade pela retomada da "normalidade" em meio à uma pandemia sem controle é principalmente daqueles que hoje estão nos governos. As pessoas que foram à atividade no Largo da Batata são aquelas que já retomaram seus trabalhos presenciais ou estão nas ruas fazendo campanha. Toda atividade de rua que realizamos busca respeitar as orientações sanitárias. Todas as pessoas usam máscara, estão com álcool gel e buscamos organizar o espaço para evitar problemas.
A pandemia dificultou alguma ação de vocês como o panfletaço?
Somos a campanha com o maior volume de panfletagens. E isso acontece porque somos uma campanha-movimento, construída por pessoas que acreditam no projeto que estamos construindo. É completamente diferente das campanhas tradicionais que utilizam cabos eleitorais pagos sem qualquer afinidade ideológica ou política com as campanhas que os contratam. Infelizmente a pandemia ainda impede que muitas pessoas saiam de suas casas. Não temos dúvidas que em uma situação normal teríamos uma multiplicação das nossas iniciativas.
Qual a maior dificuldade da campanha com a pouca verba que vocês têm?
A maior dificuldade é a ofensiva por parte das candidaturas tradicionais de direita, que se valem de muitas fake news contra uma campanha popular como a nossa. Não tivemos debates, temos apenas 17 segundos na televisão e pouquíssimos recursos.
Além de desmentir as fake News sobre o Guilherme Boulos vocês estão usando para desmentir sobre o MTST, vocês sentem que conseguiram mudar a opinião de alguém?
A nossa campanha é construída principalmente nas ruas, "olho no olho". Temos mudado muitas opiniões e preconceitos que são amplamente difundidos pelos nossos adversários. A iniciativa do "na lata" é um exemplo, mas isso tem acontecido em inúmeras panfletagens, visitas aos bairros, entre outras iniciativas. O MTST é também um dos principais alvos das fake news. A direita e a elite utilizam aqueles que legitimamente lutam por um teto e condições dignas de existência para espalhar mentiras e medo. Fato é que o MTST nunca tomou a casa de ninguém O movimento atua em cima de propriedades que devem mais imposto do que o seu valor real e servem exclusivamente aos interesses da especulação imobiliária. A função social da propriedade está garantida pela Constituição Federal e deve ser utilizada para garantir melhores condições de vida a todos os paulistanos e brasileiros
O candidato do PSOL foi ao segundo turno contra Bruno Covas, do PSDB, que saiu vencedor e reassume no dia 1o. de janeiro de 2021.