BRICS se reúnem em Kazan para discutir futuro do grupo

Entrada de novos países membros e conflitos ao redor do mundo estiveram entre os principais temas
por
João Victor Tiusso
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29/10/2024 - 12h

 

Foto: Alexander Nemenov
Foto: Alexander Nemenov

A cúpula dos BRICS terminou na última quinta-feira (24), após três dias de reuniões. O evento foi realizado na cidade russa de Kazan e o anfitrião da cúpula foi o presidente da Rússia, Vladimir Putin.

A entrada de 13 novos integrantes ao bloco de cooperação mútua foi aprovada. A Rússia, que ocupa a presidência rotativa do grupo neste ano, agora será responsável por convidar os novos integrantes.Os países convidados são: Turquia, Indonésia, Argélia, Belarus, Cuba, Bolívia, Malásia, Uzbequistão, Cazaquistão, Tailândia, Vietnã, Nigéria e Uganda.

O BRICS já havia passado por uma expansão. O grupo que até o final do ano passado era composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul passou a integrar também Egito, Irã, Emirados Árabes Unidos e Etiópia em 2024.

A entrada de novos membros faz parte da agenda internacional russa e chinesa, que buscam impulsionar a ideia de que não estão isolados politicamente e reforçar sua posição na geopolítica mundial. A presidência da Rússia no sistema rotativo e a própria dinâmica da política internacional atual contribuíram para configurar os BRICS como uma alternativa às alianças econômicas ocidentais.

Dois países interessados em fazer parte da nova categoria de parceiros dos BRICS e que ficaram de fora da lista final são a Venezuela e a Nicarágua.

O governo do presidente Lula não apoia o ingresso de nenhuma das duas nações e, segundo interlocutores presentes na reunião, um veto informal fez com que a vontade do Brasil prevalecesse. 

O presidente brasileiro tem feito críticas a Nicolás Maduro e à sua recusa em divulgar as atas das eleições de julho, das quais diz ter saído vitorioso. No caso da Nicarágua, o desconforto brasileiro é motivado pelo recente congelamento das relações com o país.

Além da expansão do bloco, também houveram discussões a respeito do conflito no Oriente Médio. Em uma declaração conjunto emitida no dia 23, os países membros fizeram críticas a Israel ao dizer que os BRICS veem com "grave preocupação a deterioração da situação e a crise humanitária no Território Palestino Ocupado, em particular a escalada sem precedentes da violência na Faixa de Gaza e na Cisjordânia como resultado da ofensiva militar israelense, que levou a mortes e ferimentos em massa de civis, deslocamento forçado e destruição generalizada da infraestrutura civil."

A guerra na Ucrânia não foi pauta na cúpula, porém o bloco criticou as sanções impostas pelo Ocidente à Rússia, classificando-as como ilegais e como "medidas coercitivas unilaterais": "Estamos profundamente preocupados com o efeito perturbador de medidas coercitivas unilaterais ilegais, incluindo sanções ilegais, sobre a economia mundial, o comércio internacional e a realização das metas de desenvolvimento sustentável."

No campo econômico, a presidenta do Banco do Brics, Dilma Rousseff, defendeu a ampliação do bloco e o aumento dos financiamentos em moedas nacionais, em substituição ao dólar.