O último final de semana de julho fechou com chave de ouro no espaço Streetopia, próximo à Avenida Paulista, com a Red Bull BC One, o maior campeonato de Breakdance do mundo. Foram três dias intensos, que começaram com o Bboy Lula e a MC Aline apresentando a quarta cypher em que os competidores se classificam para a final do nacional. Essa final encerrou o evento no domingo, 31, com a Bgirl Maia e o Bboy Leony campeões que vão representar o Brasil na Last Chance Cypher, competição que antecede a final do Mundial, em Nova York, Estados Unidos, em novembro.
As cyphers ocorreram em quatro cidades espalhadas pelo Brasil: Curitiba, Fortaleza, Brasília e São Paulo. Cada competição classificou oito breakers, totalizando na final 16 Bgirls e 16 Bboys para a batalha final. Os competidores são: Dedessa, Fran, Itsa, Jeizzy, Karolzinha, Livia, Loirinha do Break, Maia, Nathana, Nay, Mini Japa Pekena, Prix, Rayane, Toquinha e Violetta; do masculino são: Allef the Deep, Bart, Dinamite, Flash, Fly Jan, Iguin, Kapu, Kley, Leony, Luan, Rato, Robin, Sinistro, Snoop, Xandin e Zym. A batalha funciona 1x1 e enquanto a música toca, aleatoriamente, escolhida na hora pelo DJ, os dançarinos têm duas entradas em cada round, ou seja, vão ao centro do tablado para se apresentar e impressionar os jurados, que os avaliam em musicalidade, fundamentos, dificuldade de movimentos, personalidade, estilo, entrada e originalidade. No final das apresentações, os jurados levantam a placa do nome do competidor que seguirá para a próxima batalha.
O evento também organizou workshops e palestras com Sarah Bee, Little Shao, Kapela, Lilou e outros grandes nomes do breaking, apresentações, oficinas de dança e claro, muita disputa! A Batalha do Chinelo, criada pelo Bboy Pelezinho, também não ficou de fora e a torcida colaborou muito para vibrar o tablado e acelerar o coração dos participantes. A intenção dessa invenção é batalhar sem deixar o chinelo sair do pé. No sábado, a galera vibrava com a batalha intensa entre a crew Tsunami All Stars e Squadron Crew, com o DJ MF. A fotógrafa Martha Cooper e os artistas OS GÊMEOS também estiveram presentes no evento.
É importante ressaltar que o breaking é a primeira dança esportiva nas olimpíadas e estará presente no ano que vem nos Jogos Pan-Americanos que acontecerão em Santiago, Chile, e nos jogos de 2024, em Paris, França. O reconhecimento do Break como esporte pelo COI - Comitê Olímpico Internacional - aconteceu na edição dos Jogos Olímpicos da Juventude em Buenos Aires, 2018. Dois anos depois, é oficializada e entra como a nova modalidade nos Jogos Olímpicos. A seleção conta com 16 participantes, entre eles Leony e Maia, campeões da Final do Nacional.
A grande disputa nacional contou com uma excelente estrutura e transmissão ao vivo. O Bboy paranaense Leony conquistou a sua quarta vitória, disputando a final com Allef. Já a Bgirl Maia, disputou com a Mini Japa e saiu com seu primeiro título de campeã nacional. Ambos tiveram que vencer quatro outras disputas, passando pelas oitavas, quartas e semifinais. A partir de agora, eles se preparam para disputar o Last Chance Cypher, encontrando com os melhores competidores de vários países para estarem em uma das vagas no mundial da Red Bull BC One, em novembro.
Breakdance e hip hop
Originário dos bairros nova-yorkinos, Bronx e Brooklyn, o hip hop começa a ocupar seu espaço na sociedade, em meados do século XX, diante de um cenário de violência, criminalização e disputas entre gangues. A voz e corpo dos manifestantes começam a ser vistos por meio do grafite, da dança, da música e da moda. Nomes como Kool herc e Africa Bambaataa foram responsáveis por movimentar e resistir diante uma sociedade racista, com a segregação racial ainda vigente na época nos Estados Unidos.
No Brasil, Nelson Triunfo foi um dos principais nomes para difundir o Hip Hop, que se instalava no centro de São Paulo, próximo à estação São Bento, palco onde também nascia o Rap Nacional, com grandes nomes, como Mano Brown e Edi Rock.
O campeonato
A Red Bull BC One nasceu em 2004, na Suíça, sendo a primeira competição 1x1 de breakdance e, hoje, é a maior do mundo. Este ano a final será sediada nos Estados Unidos, mas já esteve presente na Polônia (2021), Áustria (2020) e na Índia (2019). A grande batalha conta com 16 bboys e 16 bgirls, do total de cada grupo, 14 dançarinos são convidados, de acordo com o seu alto nível, as outras duas vagas são conquistadas na Last Chance Cypher, pelo campeão e vice campeão. Esta última batalha acontece alguns dias antes da batalha do mundial.