Brasil mantém alta taxa de juros

País lidera ranking pela 7ª vez consecutiva, mesmo após redução na taxa básica de juros.
por
Geovana Bosak
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29/08/2023 - 12h

O Brasil segue com a 1ª colocação no ranking mundial de juros reais, apesar da decisão do Comitê de Política Monetária (COPOM), órgão do Banco Central, em diminuir a Selic em 0,5 ponto percentual. A taxa, que não considera a inflação, era de 13,75% e agora está em 13,25% ao ano.

De acordo com a projeção divulgada pelo portal MoneYou, descontada a inflação para os próximos 12 meses, os juros reais ficam em 6, 68% no país - correspondendo a maior taxa de juros reais do mundo - com um valor próximo ao México (6,64) e Colômbia (6,15).

O juro real é a taxa de juros ajustada pela inflação. Para calcular o valor resultante, é necessário subtrair a taxa de inflação da taxa de juros nominal. A relação entre as duas taxas pode determinar se os ganhos ou custos financeiros se igualam, superam ou ficam abaixo do impacto da inflação, afetando diretamente o poder de compra ao longo do tempo.

Em valores nominais, o Brasil está empatado com a Colômbia (13,25%) após o Banco Central reduzir a taxa básica de juros no início de agosto. O país fica atrás somente da Hungria (15%), Turquia (17,50%) e Argentina (97%).

Segundo Livi Gerbase, assessora política do Instituto de Estudos Socioeconômicos (INESC), "um cenário econômico onde as taxas de juros são altas impacta a vida das pessoas além de intensificar a desigualdade econômica".

A política monetária pode prejudicar diretamente a população mais pobre. Ilustração: Gazetinha da Guanabara

Livi explica que altas taxas de juros tornam o crédito mais caro e dificultam o acesso a empréstimos para famílias mais pobres, restringindo o consumo e o investimento em educação e moradia.

"Enquanto os mais ricos podem se beneficiar de investimentos com maiores taxas, aqueles com menos recursos enfrentam dívidas onerosas e oportunidades limitadas".

O economista e professor de finanças da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Paulo Romaro, aponta:

"Para obter um crescimento econômico e reduzir as desigualdades é necessário implementar reformas que impulsionem a produtividade, focando em políticas públicas voltadas aos mais vulneráveis".