Brasil é o 2º maior consumidor de Streaming do Mundo

Com a difusão desses serviços, o país está nos top 3 de consumidores de plataformas audiovisuais no mundo.
por
Iris Martins
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29/05/2023 - 12h

O Brasil é o segundo país que mais consome serviços de streaming, de acordo com o relatório de adoção de Streaming Global do Finder de 2021, ficando apenas atrás da Nova Zelândia. O estudo da companhia australiana leva em conta os 18 principais mercados de streaming do mundo, dentre eles estão: Netflix, Amazon Prime Video, HBO MAX, entre outras. A pesquisa mostrou que pelo menos 65% dos adultos brasileiros possuem um serviço de streaming, enquanto a média global é de 56%. Foram considerados 28.547 adultos de 18 países, e o Brasil ficou em segundo por uma diferença de 0,26%.

Este é exemplo claro da popularização dos serviços de filmes e séries online é o evento Tudum da Netflix. Sua primeira edição, realizada em 2020, contou com experiências imersivas e novidades para os amantes das produções da plataforma, contabilizando mais de 50.000 pessoas durante os quatro dias de evento. Já a segunda e terceira edições do festival tiveram que ser realizadas de maneira remota dada à pandemia de COVID-19. A atriz Maisa Silva, é a apresentadora oficial da Tudum, estratégia inteligente para cativar o público jovem fã de cultura pop. O sucesso do streaming e do evento se comprovou em 2023 com o esgotamento de ingressos em apenas uma hora após sua liberação.

Isadora Pinho, de 21 anos, consumidora assídua dessas plataformas e estudante de psicologia, relata: “Hoje tem a possibilidade de assistir de qualquer dispositivo, seja ele uma televisão, um computador ou celular, e às vezes trazer um pouco de entretenimento para um momento estressante independente do lugar.” De acordo com a NordVPN, especializada em cibersegurança, o brasileiro gasta cerca de 92 horas por semana na internet, mas a atividade que mais toma seu tempo é assistir streaming, com 13 horas semanais. A jovem conta que não foge das estatísticas: “Acho que passo em média umas 4 horas por dia, porque eu adoro descansar assistindo filme ou série sozinha enquanto faço alguma coisa, tipo pintar as unhas ou fazer alguma maquiagem. Mas também porque eu gosto muito de ver filmes sobre alguns assuntos da faculdade, muitas vezes recomendados pelos meus professores, pra poder me inteirar da matéria."

Logos de alguns dos principais streamings (Montagem por: Iris Martins)
Logo dos principais streamings (Montagem por: Iris Martins)

A fuga da realidade é um fator bem atrativo para as pessoas. A antropóloga Milena Leão conta mais sobre o assunto em entrevista para a AGEMT: “Uma das características mais marcantes dos brasileiros é o caráter "descolado". Do malandro, brincalhão que tem seu tom pejorativo em muitos contextos de xenofobia, mas que reflete uma característica do brasileiro de estar aberto ao novo, ao entretenimento. E sim, muitas vezes na busca pelo escapismo, denotando um certo descompromisso com a realidade, nem que seja pelo período de um episódio.”

Com os serviços de streaming cada vez mais populares, outra questão levada em conta é: o acesso ao entretenimento. É de se imaginar que quando com preços acessíveis para a população há um maior público e o mesmo acontece com os streamings.  “É importante deixar claro que não devemos generalizar, tão pouco esquecer que apesar de acessível para muitos, há uma parcela da população que não tem acesso, uns devido a índices de pobreza e outros por não conseguirem se comprometer com uma mensalidade regular, o que acredito ter gerado uma nova dinâmica de atendimento para esse público, onde muitos serviços abriram mão de termos de fidelidade permitindo uma certa fluidez de entrada e saída de assinantes”, relata Milena.

Porém, no caminho contrário, a Netflix pretende taxar seus assinantes que compartilham a senha. Na última terça-feira, 23 de maio, a multinacional passou a cobrar R$12,90 mensais para o compartilhamento de senha da plataforma com pessoas de fora da residência principal do assinante. Segundo a empresa, a assinatura permanece liberada para os residentes de uma mesma casa - compartilhadores da mesma internet. Porém, caso você queira utilizar o streaming fora dessa conexão será necessário a assinatura extra limitada a uma assinatura no plano padrão e duas no extra. Tal decisão deve impactar no acesso às mídias oferecidas pela plataforma. O conteúdo passa a ficar cada vez mais restrito por esse aumento no preço e limitação de compartilhamento. Internautas têm expressado seu descontentamento com a decisão, mas a empresa não se posicionou a respeito.