No dia em que se comemorou a independência da República, Jair Bolsonaro juntou uma horda que gritava a seu favor enquanto discursava na Esplanada dos Ministérios, em Brasília. Os manifestantes, de verde e amarelo, levavam cartazes pedindo o fechamento do STF, voto impresso, intervenção militar, entre outras mensagens anti-democráticas. Políticos e juristas acusam a prática de inúmeros crimes eleitorais por parte do candidato e oferecem visão sobre a independência do Brasil.
Em cima do carro de som, Bolsonaro disse que não é ladrão. Convocou a multidão a repetir: “imbrochável”, “imbrochável”, “imbrochável”, a respeito de si mesmo. Em outro ato machista, pediu que fizessem comparação entre ele e outros candidatos, e entre sua mulher e as mulheres dos outros candidatos, em clara menção à Janja, esposa de Lula. Pediu votos. Defendeu a ilegalidade do aborto e das drogas, e, na companhia de Silas Malafaia e outros líderes evangélicos, mencionou diversas vezes a religião, como também fez Michelle durante sua breve fala, se referindo à ocupação do cargo de presidente por Bolsonaro como um “chamado de Deus”.
Empresários que tramavam golpe em um grupo de whatsapp também lá estavam. Alvos de investigação e operação da Polícia Federal, foram defendidos ferrenhamente pelo presidente.
O presidente, candidato à reeleição, usou o 7 de setembro como pretexto para alavancar a sua campanha, avaliam juristas. Bolsonaro pode responder por abuso de poder e ter sua chapa cassada.
Diversos partidos políticos, como PT, PV, PDT, REDE, PSOL vão acionar a Justiça contra Bolsonaro alegando uso de recursos públicos para campanha eleitoral.
Antes do evento, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Alexandre de Moraes declarou em seu Twitter: ``O Bicentenário de nossa Independência merece ser comemorado com muito orgulho e honra por todos os brasileiros e brasileiras, pois há 200 anos demos início a construção de um Brasil livre e a histórica marcha pela concretização de nosso Estado Democrático de Direito.”
Os candidatos à presidência se pronunciaram sobre as falas do atual mandatário.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que o dia da independência deveria ser usado por Bolsonaro para dizer à população brasileira soluções para problemas da nação, e não atacá-lo. Disse que o candidato à reeleição devia explicações ao povo sobre os inúmeros imóveis comprados com dinheiro vivo por sua família, totalizando R$26 milhões.
Ciro Gomes acusou Bolsonaro de usar de um ato cívico para fazer comício. Disse, ainda, que o presidente é imbecil e criminoso.
Simone Tebet disse que as ações do presidente são casos de Justiça, também disse que o candidato não olha para os problemas reais do Brasil, só cria cortinas de fumaça.
Segundo a Folha de São Paulo, João de Orleans Bragança não concordou com a vinda do coração banhado de formol de seu tataravô Dom Pedro I para o Brasil. Disse que a iniciativa do governo, de negociar a viagem do coração para comemoração da independência do Brasil, teve fim eleitoral, e que representa algo mórbido e triste.
O dia da independência do Brasil repercutiu, também, em Portugal. Marcelo Rebelo de Sousa esteve ao lado do presidente e bolsonaristas para celebrar o dia em que o Brasil ficou independente de seu país. Circulou pelos jornais emblemática foto do presidente de Portugal próximo à Bolsonaro atrás de uma bandeira do Brasil com um bebê no centro e a frase “Brasil Sem Aborto, Brasil, Sem Drogas”. Em Portugal, o aborto é legalizado.
O presidente de Portugal disse que estaria na comemoração dos 200 anos de independência do Brasil, “fosse quem fosse o presidente”, devido à importância histórica do evento, e que não viu a bandeira que estava à sua frente quando a foto foi tirada.