Bebê arco-irís dá maternidade à Camila Cresciulo

Termo é usado para crianças que nascem após uma gravidez interrompida por um aborto espontâneo ou pela perda de um filho prematuramente
por
Ana Julia Bertolaccini
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18/05/2023 - 12h

Camila Cresciulo, de 34 anos, deu à luz a uma bebê prematura em 2015, que veio a falecer após 48 dias na UTI em São Roque (SP), após a descoberta de uma condição que causa a abertura do colo do útero. Dois anos depois, Camila sofreu um aborto espontâneo logo nos primeiros meses da segunda gestação. Ainda em 2017, ela engravidou de Heloísa Cresciulo Melo, uma bebê arco-íris, hoje com 5 anos de idade.  

O termo “Bebê arco-irís” é usado por mães para crianças que nasceram após uma gravidez interrompida por um aborto espontâneo ou pela perda de um filho prematuramente.  

(Camila e Heloísa em um ensaio que ganhou na promoção de Dia das Mães, no ano de 2021/imagem enviada por Camila).
(Camila e Heloísa em um ensaio que ganhou na promoção de Dia das Mães, no ano de 2021/imagem enviada por Camila). 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Foi durante os primeiros anos de casamento que o desejo da maternidade despertou em Camila, hoje é divorciada, e ela engravidou pela primeira vez em 2014. Tudo parecia normal, até que um parto prematuro precisou ser realizado às pressas, pela descoberta de uma condição denominada “Insuficiência Istmocervical”, que causa uma abertura indolor no colo do útero. Um pequeno sangramento a levou até o médico. “Nessa consulta no hospital, eu descobri que já tinha 4 dedos de dilatação." "Isso foi em um sábado, na segunda-feira eu já tinha 6 dedos de dilatação, é como se o organismo entendesse que já chegou a hora de nascer.” 

A internação se deu com 24 semanas de gestação, e ela ficou por cerca de uma semana no hospital, até que uma cesárea foi necessária, já que a bebê se encontrava na posição transversa.  

Laura Victória Cresciulo Melo nasceu em São Roque (SP), no dia 1 de maio de 2015, uma prematura extrema pesando 720 gramas e medindo 31,5 centímetros, que passou 48 dias entubada na UTI, até que veio a falecer. Ela acabou pegando uma infecção (Sepse) na troca de curativo de um dos procedimentos cirúrgicos realizados, o que levou à piora em um quadro cheio de altos e baixos. “Tiveram vezes em que eu chegava na UTI, e eles diziam que ela não ia passar daquele dia, e mesmo assim, ela aguentava.”  

No hospital, somente os pais e os avós poderiam visitar Laura. Cuidados como a lavagem das mãos, o uso de álcool e vestimenta adequada eram necessários. Indo todos os dias ao hospital, a fé de Camila permaneceu; “Eu queria muito que ela ficasse, independente das sequelas, e eu orava pra isso, mas uma hora eu entendi que eu precisava aceitar que Deus fizesse o melhor pra ela, mesmo que pra isso ela tivesse que partir.” 

Um ano após a primeira cesárea (tempo recomendado pelos médicos), Camila e o marido decidem tentar novamente, e descobrem a gravidez em 2017. Já tomando medicação e fazendo repouso, ela sofre um aborto espontâneo com 13 semanas de gestação. “Eu fui na consulta porque eu não estava me sentindo muito bem, e descobri que estava com o bebê morto a uma semana, eu tive um aborto retido, sem dor e sem sangramento, o que segurou foi o remédio.”  

Dessa vez, o motivo da perda foi diferente, o coração do bebê apenas parou de bater, o que pode ter ocorrido por um fator genético. “A segunda situação não tinha nada a ver com a primeira, e por isso eu resolvi tentar mais uma vez." 

No mesmo ano, Camila criou forças para mais uma tentativa, e poucos meses depois, a terceira gestação é descoberta pelos pais. Ela afirma que sentiu muito medo de sofrer um aborto espontâneo novamente nos primeiros meses. Com cerca de 16 semanas, além de fazer o uso dos medicamentos e ficar em repouso, foi realizada a Cerclagem (procedimento que pode conter a abertura no colo do útero). “Depois da cirurgia, eu tinha muito medo de que os pontos abrissem e eu não conseguisse segurar ela na barriga, medo de ter um parto prematuro novamente.”  

Camila só começou a ficar mais tranquila quando passou da fase de ter um possível parto prematuro, e afirma: “Na hora do parto eu não tive medo, e quando eu saí do hospital, o meu choro foi de alegria.” 

(Heloísa quando recém-nascida em um ensaio fotográfico contratado pela mãe /imagem enviada por Camila)
(Heloísa quando recém-nascida em um ensaio fotográfico contratado pela mãe /imagem enviada por Camila) 

Heloísa Cresciulo Melo nasceu em 9 de maio de 2018, com 37 semanas (três semanas antes do tempo considerado ideal, o que já não é mais classificado como parto prematuro), 2,485 kg e 45 centímetros de comprimento. Uma bebê completamente saudável que coloriu a vida de Camila e de toda a família, como um arco-íris que surge depois da grande tempestade. 

 

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