As batalhas de rimas são um movimento cultural, que consiste em duelos em que mestres de cerimônia se enfrentam através do improviso (rimas feitas na hora), ganhando quem tiver a melhor criatividade. No Brasil já se destacaram diversos MC’s através das batalhas de improviso, como Emicida, Projota, Orochi. Esse também é um caminho para jovens periféricos negros acharem um rumo para a vida e para a própria autoestima, muito por esse movimento ser proveniente da cultura negra, esses jovens se identificam e passam a entender o próprio valor.
Para Vitor Nascimento Souza, 18, conhecido como SETE MC que trabalha como ajudante em uma gráfica, as batalhas de rima o influenciaram muito em sua autoestima como um jovem negro: “Eu não sei o que eu seria sem as batalhas de rima. Antes eu era só mais uma pessoa normal, mais um jovem negro. Com certeza as batalhas elevaram a minha autoestima, elevaram meu caráter, minha rapidez para passar por qualquer situação.”
SETE conheceu as batalhas por um meio não muito convencional, através de uma igreja. “Quando eu era menor, cheguei a ver algumas batalhas pelo ‘YouTube’, mas a primeira que fui foi em uma igreja. Lá foi minha primeira batalha, a batalha do ‘In time’ e de lá eu nunca parei”.
Foto de acervo pessoal
SETE acredita ainda que o movimento pode ser um meio para incentivar a cultura. “Isso é um movimento cultural e deve ser levado para todas as pessoas do planeta”. Ele fala também que é um movimento, até para pessoas brancas, mas deve-se saber respeitar. “O hip-hop é um movimento que veio dos negros, mas sabendo respeitar, sabendo se colocar, por mim as portas estão abertas. Além de ser algo gerado por negros, quanto mais pessoas independente do sexo, da crença, do tipo, estiverem envolvidas no hip-hop, com certeza o bem será maior para a sociedade e também esse gênero alcançara lugares que devem ser atingidos”.
Wallace Nascimento Pereira, 20, trabalha atualmente em um restaurante, e é conhecido nas batalhas e nas ruas como WP. Ele também acredita que as batalhas influenciaram em sua autoestima como jovem negro e vai além. “Antes eu nem ligava para a minha cor, as pessoas falavam besteira e eu nem ligava, após as batalhas eu comecei a mudar”. Para ele as batalhas podem fazer com que aumente o interesse por cultura, mas diz que o movimento ainda é muito marginalizado. “É muito marginalizado o barato, mas acredito que vai melhorar e quando melhorar muitas pessoas vão começar a se interessar pelas batalhas”.
Foto de acervo pessoal
Pablo de Oliveira Carvalho Cintra, 20, também é participante de batalhas de rimas e artista independente: "Eu conheci pela internet, mas meus amigos que me convenceram a ir pela primeira vez”. Feijox, como é conhecido nas rodas culturais, sublinha o papel educativo das batalhas: “O que me interessou na cena foi a aprendizagem e conceito, pois percebi que tinha muito pra agregar a minha vida, culturalmente”.
Para o artista, racismo é um tema que surge nessa questão: “Eu nunca liguei para a discriminação que eu sofria, eu só ignorava, mas quando eu entrei para o movimento ela aumentou, foi aí que percebi que eu precisava sim ter voz e lutar pelos nossos direitos através da arte.”
Por fim Feijox acredita ainda na importância das batalhas para a conscientização de quem participa da cena: “As pessoas podem buscar cultura em tudo, elas só precisam de algo que desperte esse interesse nela.”
Foto de acervo pessoal