O Banco Central anunciou a criação do Pix no início de outubro deste ano. O Pix é um sistema de pagamento instantâneo que visa facilitar e agilizar as transações financeiras. O novo sistema permite que uma transferência financeira seja feita em menos de dez segundos e sem restrições de horário.
“O Pix é um meio facilitador, ele dá mais rapidez às transações e traz o conceito de pagamento instantâneo ao Brasil, um mecanismo que já é amplamente utilizado em outros países”, avalia Rafael Bianchini, professor do departamento de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Bianchini explica que o Pix foi criado pelo Banco Central, mas que as instituições financeiras irão oferecer a nova ferramenta. “Os bancos e fintechs serão responsáveis pelo Pix, que tende a democratizar o acesso.”
Atualmente é possível realizar transações financeiras por meio de transferência eletrônica disponível (TED) e documento de ordem de crédito (DOC). Ambas as ferramentas só permitem operações durante o horário comercial e dependem de intermediários.
“O mercado deve ficar mais competitivo por causa do Pix”, acredita o docente. “A população não precisa ter conta em banco, nem se locomover para alguma agencia bancária e isso vai quebrar um pouco o restrito mercado dos bancos.” O acadêmico analisa que empresas que não têm função de banco, como a Nubank, podem aproveitar a oportunidade do Pix.
A inauguração oficial do Pix ocorreu no dia 16 de novembro, porém os consumidores puderam registrar as suas chaves desde o início de outubro.
Segundo dados do Banco Central, o Pix recebeu mais de 50 milhões de registros de chaves. O mecanismo identifica o usuário e a sua conta bancária a partir de dados simples dos clientes como número de celular, CNPJ, CPF ou e-mail. Contudo, clientes reclamaram que algumas instituições financeiras obtiveram as chaves da nova ferramenta sem o consentimento dos donos das contas.
A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) questiona internamente a quantidade de chaves cadastradas por fintechs, segundo matéria publicada no jornal Folha de S.Paulo no dia 15 de outubro. Nubank, Mercado Pago e PagSeguro, três fintechs, lideram o número de chaves cadastradas. O Procon-SP notificou a Nubank e o Mercado Pago após as reclamações de uso indevido dos dados de clientes.
Bianchini opina que, apesar do recente sucesso das fintechs, elas ainda oferecem pouquíssimos serviços comparado aos bancos e não necessariamente de mais qualidade: “Todos os cinco principais bancos do país continuam sendo soberanos e também oferecem o Pix, além de múltiplos serviços adicionais às fintechs”.
Apesar da popularidade e da quantidade expressiva de registros, apenas 13% da população brasileira conhece o Pix. A sondagem feita pela TV Globo demonstra uma dificuldade de comunicação e aumenta os questionamentos sobre a ferramenta. “A falta de conhecimento do brasileiro sobre o Pix é natural, ainda não está disponível para a população e pode sofrer mudanças nos próximos meses. Ao longo do tempo as pessoas vão conhecer mais”, reflete Bianchini.