A Copa do Mundo Feminina 2023 começou com pé direito para as donas da casa, após vencerem por 1 a 0 a Irlanda, diante de mais de 75 mil pessoas no Estádio Olímpico de Sydney. Apesar do placar positivo, que deu a elas a liderança parcial do Grupo B, as Matildas tiveram mais sorte do que juízo e sofreram uma grande pressão na reta final da partida.
Antes do embate começar, o fantasma da derrota na estreia cercava as jogadoras da Austrália, que perderam os últimos três jogos iniciais em Copa: 0 a 1 contra o Brasil em 2011, 1 a 3 para os EUA em 2015 e 1 a 2 frente à Itália em 2019. Além disso, venceram apenas uma partida, dentre nove disputadas, contra seleções europeias na competição. Por outro lado, estavam encarando uma novata no mundial: a Irlanda. A estreante, apesar de ter vencido as adversárias por 3 a 2 no único confronto que já disputaram, não era a favorita no duelo.
O estádio da batalha, o Olímpico de Sydney, será o mesmo da final. O público de 75.784 pessoas assumiu o recorde do país. A equipe de arbitragem contou com três brasileiras: Edina Alves (árbitra principal), Neusa Back (bandeirinha) e Leila Cruz (bandeirinha).
A Austrália não contou com a sua principal atleta, Sam Kerr, devido a uma lesão na panturrilha. A máquina de fazer gols da Austrália lamentou em suas redes sociais: “Eu queria compartilhar isso com todos, para que não haja distração de fazermos o que viemos aqui para alcançar” e finalizou dizendo o quanto está ansiosa para voltar a jogar e “fazer parte desta incrível jornada que começou hoje”.
Em uma nota no Twitter, a seleção australiana divulgou que “Sam não estará disponível nas próximas duas partidas, com a equipe médica das Matildas para reavaliá-la após a nossa segunda partida da fase de grupos”.
Logo de cara, ambas as equipes deixaram claro o seu estilo de jogo. Pelo lado da Austrália, as atletas adotaram uma postura ofensiva e atacaram pelas laterais. Por outro, a Irlanda aceitou as espetadas e assumiu a linha de cinco defensoras (5-4-1) quando não estavam com a bola, que foi boa parte do tempo.
As Matildas conseguiram boas trocas de passe durante o primeiro tempo, porém pecaram na finalização, seja pela falta de pontaria, como também na precisão dos desarmes e bloqueios da zaga irlandesa. O primeiro lance de perigo veio aos 27 minutos do primeiro tempo, em um escanteio da Austrália, no cabeceio da Hayley Raso, que passou à esquerda do gol da Irlanda.
O jogo seguiu e a Irlanda não parava de pecar na criatividade. A camisa 10, Denise O’Sullivan, e a 11, Katie McCabe, estavam sozinhas do meio para a frente. A Austrália, por sua vez, não conseguia furar o paredão das irlandesas. O jogo seguiu monótono e a primeira finalização no gol veio só no sexto minuto dos acréscimos da primeira fase, no chute distante e sem perigo de Katrina Gorry (Austrália).
Na volta do intervalo, Marissa Sheva cometeu uma falta boba em Hayley Raso e a árbitra brasileira marcou o pênalti. Steph Catley cobrou com muita qualidade, na “bochecha” esquerda do gol defendido por Courtney Brosnan. Austrália 1, Irlanda 0, aos seis minutos do segundo tempo.
O jogo esquentou e a retranca da Irlanda se transformou no famosa “toca para frente e se vira”. A treinadora Vera Paul decidiu mexer no time e trocou todo o trio de ataque: Saíram M. Sheva, K. Carusa e S. Farrelly, para a entrada de Lucy Quinn, Abbie Larkin, de apenas 18 anos, e Isibeal Atkinson. Daí em diante, a equipe irlandesa engrenou e botou a goleira Mackenzie Arnold, que até então não tinha sido acionada, para trabalhar.
A pressão começou. Aos 70 minutos de jogo, McCabe cobrou escanteio fechado e quase fez um gol olímpico, se não fosse pelo soco da goleira australiana. Aos 76, dentro da área, as irlandesas finalizaram em cima da zaga e animaram a torcida. No minuto 83, o técnico da Austrália tirou a atacante Mary Fowler, colocou a zagueira Clare Polkinghorne e “fechou a casinha”.
Restando seis minutos de acréscimo, Megan Connolly cobrou uma falta para a Irlanda a centímetros da grande área, chegando a balançar as redes, porém do lado de fora. No último lance do jogo, numa falha da marcação, Abbie Larkin partiu livre pela ponta direita, cruzou para McCabe, que dominou, driblou e chutou, mas a goleira defendeu.
Fim de papo, a Austrália venceu a Irlanda por 1 a 0 e respira tranquila após intenso sufoco na reta final.
A Irlanda foi para o jogo com uma proposta defensiva, bem como a treinadora Vera Pauw já estava acostumada a utilizar. A linha de cinco defensoras foi um desafio para as adversárias. Se não fosse pelo pênalti, a defesa irlandesa teria cedido apenas uma finalização ao gol, que foi um chute sem perigo e bem marcado pela camisa 7, Steph. Catley, ainda no primeiro tempo. As estreantes, talvez por nervosismo, cometeram um pênalti que custou bem caro.
Quando o ataque se acertou, já era tarde demais. Agora, a treinadora experiente tem sete dias para repensar se o estilo defensivo, que é a força desta seleção, ainda é a melhor alternativa, afinal elas precisam matematicamente de ao menos uma vitória para sonhar com a classificação. A próxima partida da seleção irlandesa é contra as atuais campeãs olímpicas, o Canadá, na próxima quarta-feira (26), às 09h (horário de Brasília). Já a próxima partida das i é contra a seleção nigeriana, no dia 27, às 07h.
Apesar de ter estreado em uma Copa do Mundo Feminina, contra as mandantes, a seleção irlandesa soube equilibrar o jogo, mostrando para as australianas que por merecem seu lugar no grupo B. Por mais que os números mostrem que a seleção da Austrália foi mais dominante, o mundo viu o sufoco que levaram para passar da Irlanda e conquistar os primeiros pontos do grupo.