Austrália e França se enfrentaram em confronto válido pelas quartas de final da Copa do Mundo Feminina de 2023, no último sábado (12), no Brisbane Stadium. O empate em 0 a 0 persistiu até o fim da prorrogação e a vaga na próxima fase do mundial foi definida nos pênaltis. As australianas levaram a melhor, classificaram-se às semifinais e estão a duas vitórias do título.
É a primeira vez que as Matildas passam para a fase, chegando apenas às quartas de final nos anos de 2007, 2011 e 2015, e às oitavas em 2019. Esta é também a primeira vez que as australianas passam de uma cobrança de pênaltis em torneios mundiais e é a terceira seleção a avançar para as semifinais da Confederação Asiática de Futebol (AFC), depois da China e Japão. Por outro lado, as francesas caem pela terceira vez seguida nas quartas de final, chegando às semifinais apenas uma vez, em 2011.
PRIMEIRO TEMPO
Aos sete minutos de jogo, a defesa das donas da casa entregou uma bola de graça para Diani. A camisa 11 da França partiu em direção à área, efetuou a finalização para fora, mas levou muito perigo ao gol defendido por Mackenzie Arnold.
Quatro minutos após o primeiro susto, as francesas chegaram novamente e por pouco não abriram o placar. A seleção europeia teve um escanteio a seu favor pelo lado direito de seu campo de ataque. A bola levantada na área sobrou nos pés da atacante Le Sommer, que arriscou do jeito que deu. Lakrar estava na trajetória do lance e viu a oportunidade de apenas empurrar para dentro e “correr para o abraço”, mas a camisa 2 errou na pontaria e desperdiçou a chance.
Já as australianas começaram a partida perdidas, sem conseguir construir grandes oportunidades. Até os 40 minutos de jogo, quando a atacante australiana Mary Fowler tentou o gol num espaço encontrado do lado esquerdo das redes francesas, após receber uma bola salva por Van Egmond, que iria para os pés da defesa adversária. A investida foi impedida pela zagueira da França, De Almeida, salvando o gol sem goleira, que fez uma saída errada.
SEGUNDO TEMPO
A juíza autorizou o início do segundo tempo e a Austrália voltou mais agressiva, tanto que na etapa final a França pouco chegou à área adversária, por causa da pressão. A seleção treinada por Hervé Renard teve de ficar no campo de defesa para não sofrer o gol.
As australianas perceberam que seria impossível adentrar a defesa francesa com passes longos e duelos “mana a mana” usados nas partidas anteriores e começaram a encurtar as distâncias entre as jogadoras.
A primeira investida que levantou o público foi aos 49 minutos, após um recuo de jogada da França. Com um lançamento de bola de volta para o campo da goleira adversária, Fowler dominou a bola e tentou marcar o gol de dentro da área francesa, mas errou por pouco e a bola saiu pelo lado esquerdo da rede. Com uma marcação pesada de quatro adversárias, a atacante não conseguiu redirecionar a jogada para a camisa 9, Foord, que estava próxima e poderia ter finalizado.
No minuto 55, as Matildas enlouqueceram a torcida novamente, pouquíssimos segundos após Sam Kerr substituir Van Egmond. A artilheira roubou a bola no meio de campo e começou os passes para o seu time, que em um chute cruzado próximo a área francesa, a meio-campista Raso recebeu e lançou uma bola aérea, que por pouco não encaixou no lado direito do gol.
Este segundo tempo foi definido por muita pressão das australianas, que não dominaram a posse de bola (51% a 49%), mas mudaram sua postura de início e passaram a ser mais ofensivas, fazendo passes inteligentes para conseguir adentrar a defesa adversária. Sem deixar a marcação francesa respirar, as Matildas sustentaram a estratégia de jogadas rápidas, que as renderam mais finalizações (15 a 11) e chances altas de abrirem o placar, mesmo que sem sucesso.
PRORROGAÇÃO
A prorrogação foi marcada pela França tentando retomar o domínio da partida. As jogadoras entraram mais habilidosas no campo, investindo também nas ofensivas para tentar acompanhar o ritmo acelerado do jogo, marcar o gol de classificação e deixar de depender tanto da defesa.
Aos 9 minutos de prorrogação, em uma cobrança de escanteio após a bola sair pela linha de meta, a meio-campista Alanna Kennedy fez um gol contra para a França, tentando defender a bola com um cabeceio. Mas a marcação foi impedida por uma falta cometida pela defensora francesa Renard, após empurrar a atacante australiana Foord, durante a cobrança.
PÊNALTIS
Depois de outras quatro finalizações da França no segundo tempo de prorrogação e mais quatro minutos de acréscimo, a solução da partida, que continuava de 0 a 0, foram os pênaltis. Chegando nos alternados, a Austrália conseguiu a vitória após dois erros seguidos das francesas, com a última cobrança australiana feita pela lateral-direita Cortnee Vine.
A Austrália começou a partida perdida, sem saber construir as jogadas, com passes muito longos no meio de campo e perdendo a bola com rapidez para a marcação francesa. Mas assim como no jogo contra a Dinamarca, o time manteve a sua postura de se recuperar rápido dos desafios e mudou as estratégias ofensivas, aproximando mais as jogadoras e fazendo passes mais rápidos, para conseguir adentrar a defesa adversária e fazer história para a seleção.
Já as francesas começaram com o domínio da partida e logo garantiram a posse de bola, entretanto, com a mudança de estratégia da Austrália, o time não soube se reorganizar e começaram a ter perdas de passe no meio do campo e investir numa defensiva mais forte para suportar os contra-ataques das adversárias. A seleção que entrou em campo com expectativa alta de derrotar as donas de casa, não entregou o esperado até as prorrogações, quando voltou à sua postura mais ofensiva, mas não foi suficiente.
Imagem da capa: Australianas comemorando vitória / Reprodução UOL