Arte, música e solidariedade

Artistas e famosos de diversos meios, em especial da música, estão oferecendo seus serviços como forma de entretenimento e chamando a atenção para causas sociais
por
Beatriz Aguiar e Sara de Oliveira
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21/04/2020 - 12h

Dados do Mapa Brasileiro da Covid-19 mostram que 50% da população brasileira está confinada em casa. Um balanço da agência France Presse (AFP) do final de março constata que ⅓ da população mundial está de quarentena graças ao Covid-19.  

Isolados, o entretenimento e a fuga ao tédio dessas pessoas muitas vezes se dão pelas redes sociais. Um estudo da consultoria Kantar, com mais de 25 mil pessoas, demonstra um crescimento de participação nas redes sociais Facebook, WhatsApp e Instagram de 40% no período entre 14 e 24 de março. Sendo agora um dos únicos meios de contato social é natural o crescimento da participação e interatividade em tais plataformas. E as celebridades estão fazendo sua parte para conscientizar as pessoas da importância de permanecer em quarentena e combater possíveis danos à saúde mental gerados pela distância social.

A oferta de entretenimento online cresceu. Todos os dias, pelas redes sociais como Facebook, Instagram e Youtube, é possível encontrar alguma live ou vídeo novo. E os conteúdos são diversos. Vão desde lives musicais até oficinas ensinando idiomas e receitas culinárias.

Na quarta-feira, 8 de abril, a cantora Marília Mendonça bateu o recorde de visualizações (3,2 milhões) ao vivo em sua página no Youtube. A sertaneja fez um show de quase quatro horas com seus maiores sucessos, troca de mensagens entre ela e fãs e incentivo a doações para o Mesa Brasil do Sesc e a compra por meio do aplicativo (APP) CompreLocal. O recorde antes era da dupla sertaneja Jorge & Mateus em sua live feita pouco menos de uma semana antes da cantora. Esse formato de show vem se consolidando entre músicos e fãs.  Somente no final de semana de Páscoa foram cerca de 25 shows “improvisados” de todos os gêneros, desde o cantor de ópera Andrea Bocelli aos sertanejos Chitãozinho e Xororó e ao DJ Dennis.

Música não é a única oferta nos tempos de quarentena. Apresentadores conhecidos por seus programas de culinária, como Rita Lobo, estão fazendo lives, diárias ou semanais, ensinando receitas diversas. Debates sobre racismo, feminismo e outros assuntos estão sendo feitos. A filósofa Djamila Ribeiro está nessa onda. Programas de auditório, por exemplo, estão seguindo com seus apresentadores, convidados e telespectadores conectados por seus aparelhos digitais. The Late Late Show com James Corden e The Tonight Show com Jimmy Fallon são alguns deles.

No dia 18 de abril deste ano aconteceu o evento One World: Together At Home criado ONG Global Citizen em parceria com a Organização Mundial da Saúde (OMS) e contou com curadoria de Lady Gaga. O objetivo era de incentivar as pessoas a ficarem em casa durante o período de isolamento social causado pelo Covid-19. “US$ 127,9 milhões arrecadados para o alívio da covid-19. Para todos em todo o mundo: mantenham-se fortes, mantenham-se seguros, em breve estaremos juntos pessoalmente”, afirmou a ONG no Twitter.

A live que foi transmitida em canais do Youtube e redes de TV do mundo inteiro, durou 8 horas e contou com cantores como Alicia Keys, Billie Eilish, Billie Joe Armstrong (Green Day), Celine Dion, Chris Martin (Coldplay), Eddie Vedder (Pearl Jam), Elton John, Jennifer Lopez, Lady Gaga, Lizzo, Paul McCartney, Stevie Wonder, Taylor Swift, entre outros. Além, de depoimentos de médicos, profissionais da área de saúde espalhados pelo mundo que se afastaram de suas famílias para cuidar de outros, houve a exibição de vídeos das soluções criativas e divertidas encontradas em meio ao isolamento, como casamentos feitos à distância e shows realizados na varanda de apartamentos.

Durante a programação, a cantora Beyoncé usou sua influência para falar da população que mais sofre com o vírus nos Estados Unidos: a população negra. A cantora citou um estudo da Texas Medical Center afirmando que 57% das mortes pelo Covid-19 no Texas eram de pessoas negras. Aqui no Brasil não é diferente e organizações têm mostrado grande preocupação com a população mais vulneráveis. Como o caso da CUFA (Central Única das Favelas). A organização fez diversas parcerias como a com os cantores Péricles e Luan Santana, e a supermodel Gisele Bündchen.

Hoje, dia 20, acontece o primeiro dia do “KondZilla Festival Em Casa”, um baile funk em casa. Com shows de Lexa, Dani Russo e MC Dede. Já no segundo dia, 26, os responsáveis por trazer o baile até as casas será MC Kekel, Jottapê, Mila e MC MM. Durante a programação da live acontecerão doações convertidas para a organização CUFA.

A CUFA entende a importância da ajuda nas comunidades e por isso pela primeira vez, em 20 anos de história estão solicitando doações. O vírus não escolhe classe, mas a mais pobre é que a mais sofre. Com falta de políticas públicas não só durante a pandemia e falta de informação, a prioridade agora é “conscientizar os moradores que até aqui não estão levando tão a sério quanto deveriam, seja colaborando na distribuição de alimentos, álcool em gel, cesta básica ou mesmo em processo de elaboração de novas práticas e formação de redes de favelas, para plugar em outras iniciativas”, CUFA em nota no site oficial.

“A situação é muito séria. Muitos moradores de favela ainda não caíram na real e não estão cumprindo a quarentena como deveriam. Estamos colocando toda a nossa força na conscientização deles, para que juntos possamos vencer mais essa luta” disse Claudia Rafael, da CUFA de Paraisópolis (SP) para matéria no site da instituição.

“São aproximadamente 15 milhões de moradores de favela em todo o território nacional. Muitos deles não podem deixar de trabalhar, e ainda transitam pelas ruas se expondo ao risco do contágio. A CUFA vai contribuir de todas as formas possíveis para que o impacto do coronavírus seja mínimo nas favelas brasileiras. Essa é nossa luta, faça parte dela também”, falou Kaline, coordenadora da CUFA Paraíba, 83-88145528 para a matéria oficial da organização.

 

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