Aplicativos para emagrecer podem ser prejudiciais

A busca incansável pelo corpo perfeito faz com que jovens e adultos adotem dietas restritivas disponíveis em aplicativos para emagrecer
por
Giulia Palumbo
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29/11/2021 - 12h

Por Giulia Palumbo

A corrida pelo corpo perfeito começou. E o prêmio? Muitos elogios nas festas de fim de ano e o “corpo do verão” em dia. Aliás, vale tudo para conseguir a tão sonhada barriga chapada: academia, medicamentos irregulares e aplicativos com dietas prontas. 

A magreza virou sinônimo de saúde e a sociedade adotou como padrão o corpo magro, com as devidas curvas e com porte atlético. No desespero da aceitação, o google passa a ser um grande aliado. Além dele, há inúmeros aplicativos com dietas prontas e milagrosas para a perda de peso. Mas ninguém imagina as consequências que essa ferramenta pode causar, uma maratona que pode gerar vários transtornos, dentre eles: vigorexia, bulimia e anorexia. 

Segundo a nutricionista Nathalie Gimenez, esses aplicativos podem trazer consequências gravíssimas à saúde. “Os aplicativos de emagrecimento levam as pessoas a crerem que é dispensável ser assistido e acompanhado por um profissional. Eles são padronizados para atender o público de modo geral. Mas o processo de emagrecimento é único e deve ser tratado com individualidade. Um dos maiores malefícios é induzir um emagrecimento não saudável, como por exemplo, a sugestão da prática de jejum. Uma conduta muito séria, que só deve ser praticada quando bem indicada e orientada por um profissional de nutrição ou medicina”, afirma. 

Só no Brasil, 10% da população sofre com anorexia, anualmente, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). A doença é caracterizada pela perda de apetite, mas também pode surgir em forma de anorexia nervosa, em que a pessoa recusa a se alimentar mesmo estando com fome. Vale enaltecer que o uso excessivo de dietas restritivas e programadas apresentadas nos aplicativos, podem causar o estagne do peso e o famoso efeito platô. Ou seja, a pessoa acabará com a saúde e não terá o objetivo alcançado. 

Além dos danos prejudiciais à saúde, esses aplicativos afetam a saúde mental. A psicóloga Elizabeth Monteiro afirma que essa tendência causa inúmeros transtornos. “Relações disfuncionais com a comida e auto imagem são bastante comuns mas, infelizmente, acabam sendo banalizadas. Se uma pessoa passa a maior parte do seu dia pensando sobre alimentação e fica angustiada sobre isso, ela precisa buscar ajuda profissional”, enfatiza Elizabeth.

A OMS também ressalta que cerca de 70 milhões de pessoas sofrem com distúrbios alimentares no mundo e a incidência é muito maior entre mulheres; elas representam entre 85% e 90% das vítimas de tais doenças, o que reforça o problema social e sexista da idealização da beleza. 

Para a psicóloga, a relação da comida com a autoimagem é bastante comum na sociedade atual.”Essa relação não pode se tornar banal. Os marcadores de saúde física podem demorar um pouco mais para se fazerem presentes, mas os mais imediatos são fraqueza, desânimo ou falta de energia para desempenhar as tarefas cotidianas", alerta a médica.  Além disso, nos aplicativos há a exposição de inúmeras imagens de corpos sarados que levam ao Transtorno Dismórfico Corporal, que atinge cerca de 2% da população mundial. 

Existem 7 bilhões de pessoas com corpos fora dos padrões de beleza no mundo. É preciso normalizar o corpo livre e real. Hoje em dia, intervenções como filtros no instagram, photoshop e cirurgias plásticas estão se tornando mais importantes do que nossa saúde em si. Dessa forma, o acompanhamento de saúde mental e a autoconfiança, são de extrema importância para uma construção de autoimagem saudável e não dependente do que a sociedade estipulou como certo e bonito. 

De fato, o acompanhamento profissional especializado na área é indispensável. Mas não significa que o uso dos aplicativos para emagrecer precisa ser extinto. “O que precisamos é que haja uma conscientização sobre os riscos que o mau uso desses aplicativos pode trazer e nas doenças que eles podem acabar despertando em nosso corpo”, conclui Nathalie.