Cerca de 90 mil residências permanecem sem energia elétrica em São Paulo pelo quinto dia consecutivo, após uma forte tempestade que atingiu a região metropolitana na última sexta-feira (11). Este é o terceiro grande blecaute que atinge a cidade em menos de um ano.
O último balanço divulgado pela Enel sobre os trabalhos de retomada do fornecimento de energia reforça que suas equipes seguem atuando no restabelecimento da energia. “Tanto aos clientes que tiveram o serviço afetado quanto para aqueles que ingressaram com chamados de falta de luz ao longo dos últimos dias”, diz o comunicado da empresa.
Histórico recente de apagões
Nos últimos 12 meses, São Paulo enfrentou outras duas grandes interrupções no fornecimento de energia. Em novembro do ano passado, uma forte tempestade deixou moradores da capital e da região metropolitana sem luz por uma semana. Já em março deste ano, um novo blecaute afetou a região central da cidade, com falta de energia por mais de 30 horas.
A tempestade da última sexta-feira (11) trouxe ventos superiores a 100 km/h, causando sérios danos em várias áreas da cidade e região.
“As teias do vizinho caíam em cima das teias do meu quarto. A madeira da vizinha atravessou para a minha sala, quebrou o pedaço da parede da minha sala. Quebrou minha televisão, estou sem televisão e sem colchão”, disse Antonieta Bispo, moradora do Taboão da Serra.
Isabel da Silva, também residente no Taboão da Serra, relatou que teve várias intercorrências por conta da falta de luz. “Perda de alimentos refrigerados, falta de comunicação com familiares, sem sinal e não conseguir carregar o celular”, disse. A energia da casa de Isabel só voltou no domingo (13), às 3h.
Sete pessoas perderam a vida devido ao temporal e mais de 2 milhões de imóveis ficaram sem eletricidade inicialmente. Além da falta de luz, 31 bairros de São Paulo e região metropolitana também ficaram sem água após as fortes chuvas.
Nunes X Boulos
Na disputa pela prefeitura de São Paulo, o assunto do apagão foi comentado pelos candidatos. No último debate, que ocorreu nesta segunda-feira (14), entre Guilherme Boulos (PSOL) e Ricardo Nunes (MDB) na Rede Bandeirantes, os dois tentaram colocar suas devidas visões em relação ao fenômeno.
Mesmo deixando mais de meio milhão de imóveis na capital sem luz, Nunes ainda tem vantagem percentual em relação à Boulos, que afirma que a culpa é da concessionária de energia com apoio do governo federal, do qual o psolista é aliado. Já Boulos tem afirmado que o apagão é fruto da incompetência e irresponsabilidade da Enel e da Prefeitura de São Paulo.
Ao ser questionado por Boulos sobre a responsabilidade da prefeitura de poda e manejo de árvores, o emedebista voltou a colocar a culpa no governo federal e também no ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira. Boulos respondeu que estava na hora do atual prefeito e candidato se responsabilizar pelos problemas da cidade.
Prefeitura de São Paulo vai à Justiça
A Prefeitura de São Paulo entrou na Justiça contra a Enel para que a empresa restabeleça a energia em vários pontos da cidade, sob pena de multa de R$ 200 mil caso a companhia não cumpra. A petição foi enviada, na segunda-feira (14), para a 2° Vara de Fazenda Pública de São Paulo, do Tribunal de Justiça
A ação solicitava que a empresa informasse à prefeitura, no prazo de 24 horas, quanto tempo demorou para restaurar o fornecimento de energia em cada unidade e quantas equipes foram disponibilizadas para resolver a falta de energia. Foi pedido também que a companhia compartilhasse, em tempo real, a localização de GPS dos veículos utilizados pelas equipes de emergência.
A prefeitura argumentou na petição entregue à 2° Vara de Fazenda Pública de São Paulo que “os eventos de sexta indicam que não está em curso qualquer movimento real, voltado a uma mudança efetiva de comportamento” e que, por isso, "não restou outra opção" senão acionar a Justiça.