Aos oito anos, estudante já tinha banda

Grupo de Artur Santana, o Puts, já tocou em festivais alternativos e independentes, bailes e bares como o Manifesto Bar, Lollapaloser e Tonton e relata desvalorização da música nacional
por
Yasmin Solon
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24/06/2022 - 12h

        Artur Santana ou Puts, 19, estudante de Jornalismo na PUC-SP e Ciências Sociais na Unifesp, tem a música em sua vida desde os quatro anos através da musicalização, mas aos seis já tinha sua habilidade com violão e guitarra. Ele comparou e apontou semelhanças entre sua banda Banheiro Químico e Nirvana nos bastidores e retratou como os gêneros e as bandas nacionais e alternativas não têm seus devidos valores atribuídos. 

 Aos oito anos criou a banda com três amigos da sua classe: Léo, Gui e Toldi, que se apresentavam em eventos da Escola Viva. A partir de 2018, a banda começou a tocar em festivais alternativos e independentes, bailes e bares como o Manifesto Bar, Lollapaloser e Tonton.

        Puts contou que as apresentações ocorriam em galpões e “espaços do tipo”, com os instrumentos “meio na gambiarra”, cheio de “tretas”. “Já passamos por situações em que a caixa de som era pequena, estávamos sem microfone e precisamos cantar gritando, de a banda anterior estourar corda do instrumento e a gente precisar trocar, banda que não levava equipamento e precisava arranjar, mais de um show por dia, atravessar a cidade, pegar metrô com os instrumentos…”.

  Puts continua com a analogia: “Com a morte do baterista do Foo Fighters, eu fui assistir entrevistas com o vocalista que era do Nirvana [Kurt Cobain] e vi que o que ele contava da cena underground do Nirvana a e do Grunge era igual ao que o Banheiro Químico fazia e passava aqui. Os de lá a gente valoriza, os daqui a gente deveria também”.

        O estudante fala como, apesar da banda ser totalmente voltada para a diversão dos integrantes, os shows eram gratuitos ou tinham um valor simbólico e ainda assim, a maioria da plateia eram de outras bandas que se apresentariam ou já haviam apresentado. O grupo ainda existe, mas os shows pararam por falta de tempo dos músicos; o último foi em outubro de 2021 em um festival da escola em que eles se formaram- Viva Fest.

              Apesar do Banheiro Químico estar suspenso, Puts participa hoje de rodas de samba, atividade colocada por ele como uma profissão e não hobby. Lá ele toca cavaquinho, instrumento que aprendeu durante a pandemia. Começou a frequentar depois de um amigo ter o convidado e hoje diz como se sente emocionado e realizado nas rodas: “Samba é uma baita escola, eu toco [cavaquinho] de olho fechado, quase chorando”. Santana toca no Bar do Ge em Perdizes e nos Imburanas no Largo da Batata e completa que para ele é “necessária essa vivência na cidade, da linguagem do samba, como as pessoas agem, porque é nosso [do Brasil] e deveríamos valorizar mais o que é daqui e não o que vem de fora."

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