Alunos LGBTQIA+ se organizam para reivindicar direitos

Estudantes das principais universidades do estado se juntam para lutar contra a homofobia e reafirmar suas posições na sociedade
por
Lucas Allabi
Artur dos Santos
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08/09/2022 - 12h

“Queremos nos tornar referência em questões LGBTQIAP+ e estudantis dentro e fora da Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (EFLCH). ” Afirmou o perfil do Instagram do Coletivo Madame Satã, da EFLCH da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

O coletivo se organizou em torno das pautas LGBTQIA + em novembro de 2021. Os alunos não heteronormativos sentiam a necessidade de se reunir para defender seus direitos, pois recentemente o clima de preconceito vêm se aprofundando nas universidades. Um exemplo é o caso dos ataques na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) contra alunos homossexuais por serem supostos portadores da varíola do macaco.

“A comunidade é afetada como um todo e individualmente. O fato de existir uma rede de apoio presente e ativa torna a existência mais segura e proporciona um sentimento de pertencimento extremamente precário hoje em dia”, segue o perfil na rede social. Essa rede de apoio não pertence apenas à Unifesp.

Os coletivos que reivindicam direitos dos LGBTQIA + existem em quase todas as grandes universidades de São Paulo. Na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, por exemplo, existe o coletivo Glamour que também luta pelos direitos LGBTQIA + e ajuda na integração de alunos e alunas desses gêneros dentro das faculdades, visando criar uma conexão entre eles.

Além de garantir direitos, os coletivos desse gênero buscam criar uma ação política ativa, como um partido que luta pelos seus ideais. Essa ação se cristaliza no estatuto do Madame Satã.

Nele, a organização fica clara e prevê conselho, comissões variadas, assembleias gerais e eleições anuais, além de mecanismos para expulsão de membros que descumpram o estatuto.

Para os membros do coletivo, essa ligação com a política é feita em prol da democracia dentro e fora da universidade, e da movimentação LGBTQIA + dentro dela: “Qualquer entidade estudantil é de suma importância para o funcionamento pleno de uma universidade, sobretudo no ensino público. A presença de minorias organizadas com um propósito em comum é o que mostra nossa democracia em movimento e possibilita que a mudança necessária aconteça. ”

O coletivo, entretanto, não chegou a esse nível organizacional e ideológico logo de cara, pois encontrou alguns percalços no seu início. Sobre eles, os membros do coletivo afirmaram que tiveram muitas: “Além de toda a estrutura administrativa e elaboração do Estatuto, levamos muito tempo para estabelecer nosso papel, nossa atuação e nossas diretrizes. Outro fator importante que levou algum tempo para se concretizar foi o engajamento dos estudantes. ”

A mobilização em torno desse tema se dá principalmente em eventos. Alguns deles são feitos pelo próprio coletivo, como uma palestra ocorrida no dia

13 de junho que discutia a importância da diversidade, da cidadania e das políticas públicas em torno da população LGBTQIA+.

“Promovemos eventos, ações de acolhimento, debates políticos e culturais. Também trabalhamos muito para criar ferramentas e conteúdos relevantes para a comunidade. ”

No lado de fora da universidade a preocupação também é grande. No dia 7 de agosto, os membros do coletivo Madame Satã e de outras organizações estudantis da EFLCH da Unifesp se uniram para debater os atos antidemocráticos que iriam acontecer no dia 11 do mesmo mês.