Alemanha: SPD confirma vitória sobre CDU/CSU

Olaf Scholz e o SPD confirmaram o favoritismo sobre a CDU de Armin Laschet. A vitória apertada indica que as negociações por coalizão serão longas.
por
Luan Leão
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01/10/2021 - 12h

Os eleitores alemães foram às urnas no domingo (26) para escolher o sucessor de Angela Merkel, que deixa a chancelaria federal após 16 anos de governo.

As pesquisas já mostravam que a disputa seria apertada, com margem mínima de vantagem para Olaf Scholz, do Partido Social Democrata (SPD). No sábado (25), no último ato eleitoral da União Democrata-Cristã (CDU), Angela Merkel fez um apelo em favor de Armin Laschet, e apostou nos indecisos para uma virada na véspera da eleição. 

Eleitores sociais-democratas em evento do SPD
Eleitores agitam bandeiras dos social-democratas em evento do SPD, após a divulgação das pesquisas de boca de urna. Foto: ODD ANDERSEN/ AFP

As projeções de pesquisa das redes de televisão local ARD e ZDF confirmaram que se esperava. O SPD liderou a corrida com 25,9%. Em segundo lugar aparece a CDU/CSU com 24,1%. Na terceira colocação aparecem Os Verdes com 14,7%, seguidos pelo Partido Democrático Liberal (FDP) com 11,5%. O Bundestag será formado por 730 cadeiras, superando as 709 eleitas em 2017.

A distribuição de assentos será a seguinte:

-205 cadeiras para o SPD

-194 cadeiras para a CDU/CSU

-117 cadeiras para Os Verdes

-91 cadeiras para o FDP

-82 cadeiras para a AfD

-40 cadeiras para o Die Linke

-1 cadeira para outros

O resultado desta eleição entra para história. Para além do fato de ser escolhido o sucessor de Angela Merkel, esses são os piores números já conquistados até agora pela CDU, partido de Merkel. 

 

Reações das Campanhas 

SPD

O Secretário-Geral do Partido Social Democrata (SPD), Lars Klingbeil, reagiu aos números iniciais e afirmou que o partido tem condições de liderar uma coalizão.

“O SPD tem o mandato de governar. Queremos que Olaf Scholz seja chanceler (...) Sabíamos que seria uma campanha renhida”, afirmou Klingbeil à emissora ZDF, completando que estava muito contente. 

CDU

“As perdas são amargas em comparação com as últimas eleições”, assim definiu Paul Ziemiak, Secretário-Geral da CDU, ao comparar os resultados com a eleição de 2017, quando a CDU/CSU obteve mais de 30%. Apesar das projeções, em um discurso em Berlim, o líder do CDU/CSU, Armin Laschet, manifestou o desejo de uma coalizão com Os Verdes e o FDP. “Quero liderar uma coligação do futuro”, disse Laschet ao lado de políticos do partido, entre eles a chanceler Angela Merkel. 

Os Verdes 

O coordenador federal do Os Verdes, Michael Kellner, avaliou os resultados e não escondeu certa decepção. “Fizemos ganhos significativos, mas é difícil para mim estar realmente satisfeito com estes ganhos”, afirmou Kellner à agência DPA. O coordenador do partido verde felicitou o SPD pelo que chamou de “um grande sucesso eleitoral”, e adiantou a preferência por uma coligação com os sociais-democratas. 

Para Annalena Baerbock, candidata a chanceler do partido, o país precisa de um novo governo que tenha compromisso com questões climáticas. “Concorremos pela primeira vez para moldar este país como uma força líder (...) Este país precisa de um governo climático (...) É isso que continuamos a lutar”. A candidata se mostrou aberta para iniciar conversas com os liberais sobre possíveis coligações. 

FDP

O líder dos liberais, Christian Lindner, disse ser favorável a uma coligação liderada pelo CDU/CSU em conjunto com Os Verdes. “Acho que a probabilidade de colocarmos a nossa política em prática é maior nesta constelação”.

 

Coligações e Futuro Chanceler 

Para formar maioria no parlamento será necessário uma coalizão entre três partidos. Obter maioria com apenas dois partidos só seria possível se CDU/CSU e SPD mantivessem a aliança que governa o país desde 2013, o que é improvável. 

Uma coligação entre CDU/CSU, Os Verdes e o FDP é chamada de “Jamaica”, pelas cores dos três partidos lembrarem as cores da bandeira do país caribenho. 

Por outro lado, os liberais não descartam uma coalizão com o SPD e Os Verdes, chamada de “ampel” (semáforo, em alemão), pelas cores vermelho (SPD), amarelo (FDP) e verde. Sabe-se que o partido verde tem a preferência por uma coligação liderada pelo SPD, enquanto os liberais simpatizam por uma coalizão liderada pelo CDU/CSU.

Dadas as situações, reunir o próximo governo de coalizão para a maior economia da Europa pode levar semanas de negociações. Pelo modelo eleitoral, o partido que termina em primeiro lugar, neste caso o SPD, está mais bem colocado, mas não garantido de formar um novo governo. 

Vale lembrar que até que uma nova coligação seja formada, quem segue no governo é Angela Merkel.