Alemanha: “Coalizão Semáforo” chega a um acordo

Após semanas de negociações, e dois meses após a eleição, a coalizão “semáforo” chegou a um acordo na tarde desta quarta-feira (24).
por
Luan Leão
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24/11/2021 - 12h

Olaf Scholz, de 63 anos, do Partido Social-Democrata (SPD), atual vice-chanceler, deve ser eleito pelo Bundestag (Parlamento) para o cargo de chanceler, substituindo Angela Merkel após 16 anos. O último chanceler do SPD foi Gerhard Schroeder, entre 1998 e 2005.

Quase dois meses após as eleições, ocorridas em 26 de setembro, o SPD chegou a um acordo de coalizão junto ao Os Verdes e ao Partido Liberal Democrático (FDP). A coalizão denominada de “Ampel”, que significa semáforo em alemão, recebeu esse nome em referência às cores dos partidos: vermelho do SPD, amarelo do FDP e verde.

Os três partidos negociavam desde o final de outubro, e convocaram uma entrevista coletiva para a tarde desta quarta-feira (24) para apresentar detalhes do acordo. A expectativa é que o líder social-democrata Olaf Scholz seja eleito na semana do dia 6 de dezembro.

Líderes da coalizão "Ampel"
Annalena Baerbock, Os Verdes, Olaf Scholz, SPD, e Christian Lindner, FDP, em coletiva no final de outubro. Reprodução: Reuters 

“O semáforo existe”, afirmou Scholz na coletiva desta quarta. Para o futuro chanceler, a aliança vai “promover, impulsionar e levar adiante a soberania europeia”. A coalizão liderada pelos social-democratas terá 416 dos 736 assentos do Bundestag, e será a primeira coalizão tripartidária a governar a Alemanha desde 1950. É a primeira vez que a coalizão “semáforo” governa em nível federal.

O SPD foi o partido mais votado na última eleição com 25,7% dos votos. Os Verdes atingiram o melhor resultado de sua história com 14,8% dos votos, e os liberais alcançaram 11,5%. A União Democrata-Cristã (CDU), partido de Angela Merkel, e seu partido irmão, a União Social-Cristã (CSU), amargaram seu pior resultado da história, com 24,1% dos votos. Vale lembrar que a coalizão liderada por Merkel desde 2013, e chamada de “grande coalizão”, tem como integrantes a CDU/CSU e o SPD. Neste pleito, os partidos descartaram a manutenção da aliança. 

O líder dos liberais, Christian Lindner, reforçou a confiança em Scholz. “Olaf Scholz será um chanceler forte para a Alemanha”, afirmou na coletiva. Assim como Merkel, Scholz é tido como um político pragmático e pouco carismático, mas também como alguém que cumpre metas e capaz de lidar com temas espinhosos.

"Ousadia para mais progresso"

O acordo divulgado entre os partidos é intitulado de “Ousadia para mais progresso. Aliança para a liberdade, justiça e sustentabilidade”. Segundo o acordo, o líder dos liberais, Christian Lindner, substituirá Olaf Scholz e será o novo ministro das Finanças. A líder dos verdes, Annalena Baerbock, será a ministra das Relações Exteriores, e o também líder dos verdes, Robert Habeck, será o responsável pelo superministério da Economia, Energia e Clima. Por serem majoritários na coalizão, os social-democratas terão mais pastas, incluindo Saúde, Trabalho, Interior e Defesa. 

O acordo prevê um aumento do salário mínimo de 9,60 para 12 euros a hora. Além disso, a coalizão espera uma expansão maciça das energias renováveis, com a meta de que até 2030, as energias eólicas e solar sejam responsáveis por 80% da produção de energia do país. Scholz prometeu também distribuir 1 bilhão de euros em bônus para trabalhadores da saúde na linha de frente do combate a COVID-19. 

A Alemanha vive um agravamento da crise sanitária do país, batendo recordes de contágios diários, e vendo uma elevação no número de mortos. O agravamento já obrigou diversos estados a adotarem medidas restritivas, como o fechamento de mercados de Natal e a proibição da entrada de não vacinados em restaurantes.