As eleições dos Estados Unidos se aproximam e com elas surgem também diversas dúvidas. O sistema eleitoral norte-americano tem algumas peculiaridades e a AGEMT vai te ajudar a entender algumas delas.
Um dos principais pontos para conhecer como funcionam as votações no país, é saber quem pode concorrer à eleição.
Diferentemente do Brasil, onde para concorrer à eleição presidencial é necessário apenas ser brasileiro, estar no pleno exercício dos direitos políticos e ser filiado a algum partido político, nos Estados Unidos existem processos específicos que são exigidos para que a candidatura de alguém seja válida.
O processo eleitoral se inicia quase 1 ano antes de conhecermos o novo presidente. O primeiro e fundamental passo para sabermos quem vai representar o Partido Democrata e Republicano se dá através das eleições primárias.
A eleição primária define quem serão os candidatos de cada partido, que precisam conquistar número suficiente de delegados para disputarem as eleições em novembro.
O período, que começou no dia 15 de janeiro deste ano, mostrou o quanto o sistema é complexo. Neste dia, em Iowa, os eleitores se reuniram presencialmente para discutir entre eles quem iria ser o representante republicano. O sistema peculiar do estado é chamado de caucus, e acontece junto com as eleições primárias em alguns estados como o Hawaii e o Alaska.
A primeira etapa da eleição pode ocorrer de forma aberta - quando os cidadãos podem votar em qualquer pessoa, independentemente do partido e sem a necessidade de filiação e de forma restrita.
Na votação restrita, é necessário que os cidadãos estejam filiados a algum partido e votem no candidato deste mesmo partido. O voto do cidadão representará o voto ao delegado, que por sua vez, vai representar o estado.
Após a primeira eleição, começam as prévias dos estados, quando os candidatos eleitos como possíveis representantes pelo Partido, vão desistindo da disputa conforme suas chances de vitória diminuem. Ao final desse período, o candidato eleito é anunciado na Convenção Nacional do Partido.
Condenação judicial
Em maio, Donald Trump foi condenado pelo tribunal americano pelo crime de fraude contábil, ainda assim, ele pode concorrer à presidência do país.
Nos Estados Unidos não existe um Tribunal Superior Eleitoral, como no Brasil. O sistema eleitoral é descentralizado e fica a cargo de cada um dos 50 Estados. Também não há leis como a da “Ficha Limpa” , por isso a lei americana não impede que um condenado na justiça de se tornar candidato.
Porém o caso de Trump não é o mais incomum que já aconteceu no país. Nos Estados Unidos já houve candidatura de candidato que estava preso, rapper e até uma mulher candidata quando nem o sufrágio feminino era garantido.
Victoria Woodhull (1872)
- Profissões: Ativista dos direitos das mulheres, empresária, editora de jornal, corretora da bolsa de valores e espiritualista.
- O que foi diferente: Woodhull foi a primeira mulher a concorrer à presidência dos Estados Unidos, em um momento em que as mulheres nem sequer tinham o direito de votar (o sufrágio feminino só foi garantido em 1920 com a 19ª Emenda). Sua candidatura pelo Partido de Igualdade de Direitos foi revolucionária, desafiando não apenas as normas de gênero, mas também as estruturas de poder político dominadas por homens.
Eugene V. Debs (1900, 1904, 1908, 1912, 1920)
- Profissão: Líder sindical e ativista socialista.
- O que foi diferente: Debs foi o candidato do Partido Socialista dos Estados Unidos em várias eleições, defendendo os direitos dos trabalhadores, o socialismo e o fim do capitalismo. Ele concorreu até mesmo na prisão em 1920, após ser condenado por suas atividades anti-guerra durante a Primeira Guerra Mundial.
Kanye West (2020)
- Profissão: Rapper, produtor musical, empresário da moda.
- O que foi diferente: Kanye West, uma figura extremamente influente na música e na moda, anunciou sua candidatura para as eleições presidenciais dos EUA em 2020, pouco antes do pleito, pelo partido criado por ele chamado "Birthday Party". O nome do partido reflete o fato de que ele dizia querer trazer uma nova "celebração" ao país, sendo um movimento atípico em termos políticos. Terminou esta aventura com o número total de 66.641 votos, mas não conseguiu concorrer em alguns estados por motivos legais e burocráticos, causados, principalmente, pela disputa fora de um grande partido.