Agemt Explica: e a taxa Selic, para que serve?

Após queda, muito se falou da taxa básica de juros nos noticiários, mas você sabe porque ela é tão importante e para que ela é utilizada? Agemt Explica!
por
Malu Araujo
|
23/08/2023 - 12h

Nessa semana o Agemt Explica vai falar sobre a Taxa Selic, você sabe o que é? Como ela funciona? Como ela afeta a economia do Brasil ou o cotidiano dos brasileiros? Calma, Agemt Explica!

A taxa básica de juros da economia brasileira, popularmente conhecida como taxa Selic, desempenha um papel fundamental no sistema financeiro do país.

Isso porque é usada como uma ferramenta de controle da política monetária e um mecanismo de combate à inflação, sendo o principal parâmetro para diversas operações financeiras, como por exemplo os juros praticados em empréstimos, financiamentos, investimentos e outros produtos financeiros.

Como ela funciona?

A taxa Selic é definida periodicamente nas reuniões do Comitê de Política Monetária (COPOM), órgão que compõe o Banco Central, que acontecem a cada 45 dias. Quando a reunião do Copom ocorre, os membros do comitê avaliam as condições econômicas do país, decidindo se a Selic deve ser mantida, aumentada ou reduzida.

Um dos principais indicadores usados pelos membros do comitê é o Índice  Nacional de Preços ao Consumidor  Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial no país.

Como mecanismo de controle inflacionário, a taxa pode atuar de duas formas: 

  • Quando a economia do país precisa ser estimulada, o Banco Central pode decidir reduzir a taxa SELIC para assim facilitar o crédito para população, uma vez que eles se tornam mais baratos. 
  • Por outro lado, caso a economia esteja aquecida e exista o risco de alta da inflação, o Banco Central pode optar por aumentar a SELIC para conter o aumento do preços de bens e serviços, uma vez que quanto maior estiver a demanda, menor pode estar a oferta.

O Banco Central do Brasil (BCB) tem como principal missão manter a inflação sob controle e dentro da meta estabelecida. Atualmente, no ano de 2023, a meta da inflação se encontra em 3,25% p.p, com margem de tolerância de 1,75% a 4,75%.

E quais os efeitos da taxa no país?

Qualquer mudança relativa no aumento ou queda da taxa tem um impacto significativo para os vários setores financeiros e da economia como um todo.

De acordo com que explica Cristina Helena de Mello, economista e professora de crescimento e desenvolvimento da PUC-SP, quando a taxa de juros se encontra muito elevada, ela atua como um elemento concentrador da renda, visto que remunera capitais e cria renda passiva para os mais ricos. 

Por outro lado, os gastos governamentais com pagamento de juros aumentam, além de provocar, também, um maior endividamento e transferência de renda dos mais pobres, já que a oferta de crédito fica mais cara. 

Uma Selic mais baixa estimula a geração de renda, empregos, novos investimentos e também a arrecadação de novos impostos, contribuindo para o equilíbrio das contas públicas.

Como estamos no cenário atual?

Atualmente a taxa Selic se encontra em 13,25% ao ano, tendo sido reduzida no início de agosto. Vale lembrar que antes da  redução a taxa estava em 13,75% ao ano, maior taxa desde 2016 (14,25%).

O Banco Central optou, nos últimos meses, pela manutenção da taxa básica, uma política contracionista mais “cautelosa” como vinha sendo definida pelo órgão. A queda na taxa representa as quedas consecutivas da inflação oficial medida pelo IPCA.

Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas) a última prévia oficial da inflação, relativa ao mês de julho, registrou a marca de 0,12% no mês, um acúmulo de 3,99% nos últimos 12 meses, o que mantém a inflação dentro da margem de tolerância prevista pelo Banco Central para o ano. 

Contudo, caso ocorra uma elevação nos preços de bens e serviços e isso gere, novamente, uma pressão inflacionária, o BC poderá voltar a elevar a taxa de juros.