Adolescente escapa de batida do BOPE em balada no Amapá

Estudante de Jornalismo da PUC-SP, Ian Valente Rossignoli fugiu durante festa no Macapá
por
Helena Cardoso Guimarães
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30/06/2022 - 12h

Depois de quase um ano morando no Amapá, Ian Valente Rossignoli, com 15 anos, conseguiu escapar de uma apreensão do Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE), em uma de suas primeiras festas depois de sua mudança. “Um dos meus amigos, que eu não era tão próximo na época, tinha uma mãe bem liberal e resolveu fazer uma festa na casa dele”, disse Ian. A festa teve pulseiras para a entrada sendo vendidas no shopping e até mesmo uma conta própria no Instagram. 

Como Macapá é uma cidade pequena, muitas pessoas ficaram sabendo e o evento acabou saindo do controle, com muitos desconhecidos pelos organizadores, o que resultou em várias denúncias para a polícia. Quando deu meia-noite, um de seus amigos, disse que estava com um pressentimento ruim e que eles deveriam ir embora. Coincidentemente, o BOPE estava realizando uma operação policial de fiscalização na cidade e 30 minutos depois, pelos stories do Instagram, eles descobriram que a polícia tinha invadido a festa.   

“Eu me salvei por meia hora de diferença por causa do meu amigo que estava mais sensato e o pior é que minha mãe nem estava em Macapá”. De acordo com Ian, cerca de 28 adolescentes foram conduzidos ao juizado de menores e os pais tiveram que buscá-los para serem liberados. Além disso, os donos da festa tiveram que pagar uma multa de R$ 8 mil reais, que foi dividida entre os responsáveis.  

O jovem, que nasceu em Sorocaba-SP, se mudou para a região Norte do país após a mãe, Marcelia Picanço Valente (52), ser demitida da faculdade em que dava aulas na cidade do interior paulista, “Muitos professores foram demitidos por causa de planos de carreira, ou porque recebiam muito e a faculdade queria pagar menos”, disse Ian. Depois disso, a família continuou na cidade por um tempo, que fez com que ela conseguisse uma bolsa de estudos e concluísse seu mestrado; porém o dinheiro da bolsa acabou e a mãe não conseguiu arrumar um emprego.   

Com a família materna morando em Macapá-AP, a mãe decidiu tentar dar aulas na capital amapaense e, posteriormente, conseguiu o emprego na Universidade Estácio de Sá. Além disso, uma das razões que motivou a mudança foi a morte do seu avô, alguns anos antes, que fez com sua avó ficasse sozinha. “A minha vó iria morar com a gente, já que a minha mãe sempre foi muito próxima da minha vó”, acrescentou Ian.   

Apesar do calor extremo na cidade, ele diz que a adaptação ao clima em Macapá é possível; mas critica a infraestrutura da cidade, “É uma cidade feia, lá é tudo muito precário, tem só um hospital e as ruas são cheias de buraco”. Porém, Ian exalta a orla de Macapá, que tem a maior fortaleza do Brasil, “Eu ia pra lá sempre, de domingo ou fim de tarde” e elogia o povo macapaense, “as pessoas de lá são muito bacanas; diferente do pessoal em São Paulo que é mais frio, eles são bem calorosos e receptivos”. 

Em março de 2021, Ian se mudou de volta para o estado de São Paulo, dessa vez para a capital. Depois de fazer um ano de cursinho, entrou na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) para cursar jornalismo, que nem sempre foi sua primeira opção. “Um dos meus sonhos distantes era seguir carreira na diplomacia, por isso no meu último ano do Ensino Médio pensava bastante em Relações Internacionais, mas na pandemia eu fiquei doente e parei de estudar”. Depois, reavaliando suas opções, Ian estudou e percebeu que tinha uma certa habilidade com redações e que gostava quando produzia um bom texto, na época também voltou a assistir futebol, coisa que o aproximou do curso que escolheu.  

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