5G chega no Brasil, mas não para todos

A nova frequência de Internet móvel está tomando os primeiros passos para ser implantada em território brasileiro porém encontra restrições legais, regionais e culturais
por
Rodrigo Vaz Guimarães Mendonça
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18/11/2021 - 12h

Por Rodrigo Mendonça

 Nos dias 5 e 6 de novembro foi realizado o leilão do 5G no qual empresas de Internet e telefonia móveis puderam comprar concessões do governo federal por meio da ANATEL, Agência Nacional de Telecomunicações, para uso dos lotes da nova frequência 5G. O leilão funcionou dividido por faixas e frequências em blocos regionais e estaduais, ou seja, as empresas puderam comprar tanto para explorar o 5G em âmbito tanto somente estadual, um ou alguns estados, tanto quanto nacional, todo o território brasileiro.

    Para a categoria da frequência de 2,3 GHz, as empresas interessadas no 5G disputaram um bloco regional de 50 MHz e outro de 40 MHz, com concessões válidas por 20 anos com possibilidades de renovação,na  faixa de 26 GHz, houve duas rodadas. Na primeira, foram faixas de 400 MHz divididas entre três blocos regionais e cinco nacionais. O que não está certo ainda é como será a implantação dessa nova tecnologia na prática visto que o Brasil não terá um cenário muito favorável.

O que é o 5G?

 5G é o padrão de tecnologia de quinta geração para redes móveis e de banda larga que já existe desde 2018 mas está começando a ser implantado no Brasil somente em 2021. O  5G vai substituir o padrão anterior, o 4G.

        

Como é feita a implantação do 5G?

Frequências de Internet como o 5G funcionam por meio de antenas que emitem ondas de rádio, a nova frequência dessas ondas que está na quinta geração vai ser emitida por antenas que serão acopladas a antenas que já emitem ondas na frequência de quarta geração, o 4G, fazendo uma mesma antena emir 4G e 5G simultaneamente, porém tudo na teoria.

 

Quais as dificuldades para implantar o 5G no Brasil?

 Para analisar como o 5G será implantado de fato no Brasil vários fatores devem ser considerados, como por exemplo como está o uso de internet pelas famílias brasileiras atualmente.

     No Art. 4º da lei  Nº 12.965, de 23 de ABRIL de 2014 e  sancionado pela então presidente Dilma Rousseff  e dito que “A disciplina do uso da Internet no Brasil tem por objetivo a promoção:

- do direito de acesso à Internet a todos” Porém na prática isso ainda está longe de acontecer.

      Segundo uma pesquisa de 2020 promovida pelo Comitê Gestor da Internet do Brasil, o CGI, percebeu-se que naquele ano o Brasil chegou a 152 milhões de usuários da rede, o que significa que houve um aumento de 7% em relação a 2019 e por esse motivo, 81% da população com mais de 10 anos têm Internet em casa atualmente segundo a pesquisa.

     O crescimento do total de domicílios com acesso à Internet ocorreu em todos os segmentos analisados nessa pesquisa. As residências da classe C com acesso à web passaram de 80% para 91% em um ano e na casas das classes D e E saltaram de 50% para 64% na pandemia. Porém, esse acesso ainda é desigual, visto que 90% das casas das classes D e E se conectam à rede exclusivamente pelo celular.

    De acordo com o censo escolar de 2020, apenas 32% das escolas públicas do ensino fundamental e no caso de escolas públicas do Ensino Médio, essa porcentagem chega a 65%, porém o governo federal espera que isso se reverta com a chegada do 5G, prevendo que até 2029 todas as escolas em localidades com mais de 600 mil habitantes tenham acesso à internet de alta velocidade.

   Outro entrave para que o 5G seja utilizado de fato no Brasil é a dificuldade imposta por leis municipais e estaduais que incluem a cobrança de altas taxas e, em certos casos, até criam restrições que proíbem as instalações de estações de rádio base (ERBs) onde ficam as antenas de Internet e redução do aparelho (small-cells) que permite ampliação da cobertura do sinal de dados em locais com maior demanda de sinal de Internet como as grandes cidades e as capitais.