28° Parada do Orgulho retira camisa da seleção da extrema-direita

Verde e amarelo e bandeira do Brasil foram elementos que, após show da Madonna, foram incorporados na Semana da Diversidade
por
Juliana Bertini de Paula
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17/06/2024 - 12h

“A bandeira é nossa.” disse Vannila Vanna, 54 anos, Drag Queen de Natal, que participou da 28a. Parada do Orgulho LGBT+  com a amiga Bárbara Souza. Ambas vestiam as cores do Brasil “É a retomada da nossa bandeira, porque até então ela havia sido tomada. Mas viemos para mostrar que nós podemos e devemos usar verde e amarelo” disse Bárbara, 50, também de Natal. 

“A visibilidade para nós, como gays, travestis, transexuais, lésbicas, ajuda nessa manifestação. É muito importante”, disse ainda Vannila à reportagem.  A Parada foi realizada no dia 2 de junho, em São Paulo, e é considerada a maior do mundo. Para os organizadores havia 3 milhões de pessoas, dado contestado pelo Monitor do Debate Política no Meio Digital. Para ele, a concentração foi de cerca de 73 mil de pessoas, segundo um projeto de pesquisa realizado pelo Grupo de Políticas Públicas para o Acesso à Informação, da Universidade de São Paulo (USP). 

 

Drag Queen Bárbara e Vannila na Parada do Orgulho LGBT+ em São Paulo. Foto: Juliana Bertini de Paula
Drag Queen Bárbara e Vannila na Parada do Orgulho LGBT+ em São Paulo. Foto: Juliana Bertini de Paula

 

A Parada contou com 16 trios elétricos com diversas atrações, entre elas: Pabllo Vittar, Gloria Groove e Sandra Sá. Além disso, o candidato a prefeito Guilherme Boulos e a deputada Erika Hilton -ambos do PSOL - marcaram presença. "Já se foi o tempo em que as pessoas não podiam ser quem elas eram, em que a intolerância silenciava a diversidade" disse o candidato à prefeitura paulistana. Logo após, ao lado de sua colega de bancada, foi aclamado pelos participantes, aos gritos de “prefeito”.

O candidato à reeleição Ricardo Nunes (MDB), assim como o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) não compareceram ao evento. Ambos, contudo, participaram da Marcha para Jesus que ocorreu na quinta-feira (30)

 

Pessoas enroladas na bandeira LGBT+ durante a Parada do Orgulho na Avenida Paulista. Foto: Juliana Bertini de Paula
Pessoas enroladas na bandeira LGBT+ durante a Parada do Orgulho na Avenida Paulista. Foto: Juliana Bertini de Paula

 

A Parada ocorreu de maneira pacífica e contou com muitas famílias e crianças. Até mesmo animais de estimação como a Stela, cadelinha sem raça definida que esteve presente no evento. Foram mais de 1400 policiais mobilizados para a proteção do evento.

 

Stela, cachorra com mini bandeira LGBT+ na Parada do Orgulho. Foto: Juliana Bertini de Paula
Stela, cachorra com mini bandeira LGBT+ na Parada do Orgulho. Foto: Juliana Bertini de Paula

 

A 28° edição foi influenciada pelo recente show da Madonna no Rio de Janeiro, dia 4 de maio, quando a cantora e Pabllo Vittar usaram a camisa da seleção brasileira. Assim, o evento foi marcado pelas cores verde e amarela. O objetivo é ressignificar as camisas que costumavam ser usadas por manifestantes e apoiadores do ex-presidente, Jair Bolsonaro (PL).

 

Camisa da seleção brasileira com as cores da bandeira LGBT+. Foto: Juliana Bertini de Paula
Camisa da seleção brasileira com as cores da bandeira LGBT+. Foto: Juliana Bertini de Paula

 

As cores que fizeram a avenida mais popular do Brasil brilharem não vieram somente das roupas coloridas e das bandeiras que os participantes orgulhosamente se enrolavam. Muitos estabelecimentos decoraram suas fachadas com balões e tecidos das cores do arco-íris, a bandeira LGBT+.

 

Respectivamente, Shopping Cidade São Paulo, Mcdonald's e MASP colorindo a Avenida Paulista. Foto: Juliana Bertini de PaulaRespectivamente, Shopping Cidade São Paulo, Mcdonald's e MASP colorindo a Avenida Paulista. Foto: Juliana Bertini de Paula

Respectivamente, Shopping Cidade São Paulo, Mcdonald's e MASP colorindo a Avenida Paulista. Foto: Juliana Bertini de Paula
Respectivamente, Shopping Cidade São Paulo, Mcdonald's e MASP colorindo a Avenida Paulista. Foto: Juliana Bertini de Paula

 

Além da Parada

Além do evento principal, durante a Semana da Diversidade outras atividades em prol do orgulho LGBT+ ocorreram na capital paulista. A Feira Cultural da Diversidade na quinta feira (30) no memorial da resistência da América Latina contou com diversas apresentações. A que mais chamou atenção do público foram do grupo “As Cheers”, grupo de cheerleaders formado apenas por homens.

O bailarino Guilherme Leal Nunes, de 32 anos, também participa do grupo. Desde criança, sempre teve o sonho de ser cheerleader, mas enfrentou resistências. "Não podia por um simples motivo: ser menino. Por isso pensamos em produzir essa arte entre amigos", diz Guilherme em entrevista ao G1.

“As Cheers” grupo de cheerleaders totalmente masculino. Foto: Tata Barreto/Reprodução - Terra
“As Cheers” grupo de cheerleaders totalmente masculino. Foto: Tata Barreto/Reprodução - Terra

No sábado (01) ocorreu a 7° Marcha do Orgulho Trans e a 1° Corrida do Orgulho LGBT+. O primeiro aconteceu no Centro de São Paulo a partir das 10 da manhã. Ocupou o Largo do Arouche e ruas do entorno com música, ativismo e manifestações em defesa dos direitos de pessoas trans, travestis e não-binárias. 

A Marcha que também manifestava reivindicações de direitos para pessoas trans, contou também com a presença de autoridades políticas, como a deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP), o deputado estadual Eduardo Suplicy (PT-SP), entre outros políticos de outros estados.

7° Marcha Trans no centro da cidade de São Paulo. Foto: Roberto Sungi / Reprodução: Estadão Conteúdo
7° Marcha Trans no centro da cidade de São Paulo. Foto: Roberto Sungi / Reprodução: Estadão Conteúdo

A Corrida do Orgulho LGBT+ aconteceu pela primeira vez no parque Villa-Lobos, na zona oeste de São Paulo. Foram duas opções para todos: corrida (5 km) e caminhada (3 km).