200 ANOS DE INDEPENDÊNCIA E UMA CAMPANHA ESCANCARADA E DESCARADA

No aniversário do bicentenário do independência brasileira, Bolsonaro rouba a data para se autoproclamar o "rei dos antipatriotas"
por
Henrique Alexandre
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07/09/2022 - 12h

Como tudo está desajeitado e desbalanceado no Brasil, não era difícil imaginar que haveria um show de horrores na celebração dos 200 anos de independência do Brasil. O esquenta da data já tinha acontecido com a vinda do coração do Imperador Dom Pedro I, que foi recepcionado como um chefe de estado. A ação promovida pelo governo Bolsonaro já tinha dado mostra que a data seria um diferente do normal.

Eis que chega o 07 de setembro. Historicamente, essa data tem como objetivo de, além de ser uma celebração pacifica sobre a história do Brasil e sua saída das amarras da colonização portuguesa, ser uma oportunidade do chefe de estado mandar uma mensagem esperançosa para os brasileiros, aproveitando todo o miticismo que a efeméride traz. Porém, como desde 2018 os valores nacionalistas estão virados de ponta cabeça, Jair Bolsonaro usou o o dia da Independência para se autocelebrar, ter um palanque eleitoral e falar com os seus apoiadores do cercadinho. 

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Bolsonaro usa o dia da Independência Brasileira para vangloriar como "imbrochável" - reprodução

A atitude do presidente da República era até esperada. Isso porque o candidato está em desvantagem contra o seu principal oponente, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em sete pesquisas eleitorais, sendo elas: 

  • PoderData (divulgada em 7 de setembro): Lula 43% x Bolsonaro 37%
  • Quaest (divulgada em 7 de setembro): Lula 44% x Bolsonaro 34%
  • Ipec (divulgada em 5 de setembro): Lula 44% x Bolsonaro 31%.
  • BTG/FSB (divulgada em 5 de setembro): Lula 42% x Bolsonaro 34%
  • DataFolha (divulgada em 01 de setembro): Lula 45% x Bolsonaro 32% 
  • Ipespe (divulgada em 31 de agosto): Lula 43% x Bolsonaro 35%
  • CNT/MDA (divulgada em 30 de agosto): Lula 42,3% x Bolsonaro 34,1%

Bolsonaro, que de nada é ingênuo, aproveitou a oportunidade e a carta branca que recebe das instituições fiscalizadoras para dar um show eleitoral e se promover. E com isso, o atual presidente pode ter cometido crimes de responsabilidade.

 

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Nada de novo no recinto: Bolsonaro usa sua condição de chefe de Estado para se autopromover

Segundo especialistas ouvido pelo jornal Folha de São Paulo, o presidente pode ter utilizado de verbas públicas para fazer campanha política pessoal e escancarada, sendo que o artigo 37 da Constituição brasileira diz que "A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência". Ou seja, em uma comemoração onde Bolsonaro apareceu como chefe de estado, não poderia haver qualquer menção eleitoral, segundo a carta magna brasileira. 

 

Porém, quando se trata de Jair, qualquer coisa pode, mesmo com as mais das absurdas ações. 

Entretanto, mais do que o crime, o ato de hoje mostrou como Bolsonaro está em desespero com sua posição eleitoral. Com alto índice de rejeição - segundo o último Datafolha, 52% do eleitorado não votariam de jeito nenhum no atual presidente -,  e a possibilidade de perder para o seu maior pesadelo, o candidato do PL fala até de sua capacidade sexual, o que, aliás, não interessa a ninguém, menos do que o Brasil tem a melhorar.

Hoje foi mais um dia em que se mostrou que Bolsonaro não tem a menor capacidade de gerir o Brasil. Tudo que toca em sua mão, vira ruína. E não foi diferente com o 7 de setembro.