Como tudo está desajeitado e desbalanceado no Brasil, não era difícil imaginar que haveria um show de horrores na celebração dos 200 anos de independência do Brasil. O esquenta da data já tinha acontecido com a vinda do coração do Imperador Dom Pedro I, que foi recepcionado como um chefe de estado. A ação promovida pelo governo Bolsonaro já tinha dado mostra que a data seria um diferente do normal.
Eis que chega o 07 de setembro. Historicamente, essa data tem como objetivo de, além de ser uma celebração pacifica sobre a história do Brasil e sua saída das amarras da colonização portuguesa, ser uma oportunidade do chefe de estado mandar uma mensagem esperançosa para os brasileiros, aproveitando todo o miticismo que a efeméride traz. Porém, como desde 2018 os valores nacionalistas estão virados de ponta cabeça, Jair Bolsonaro usou o o dia da Independência para se autocelebrar, ter um palanque eleitoral e falar com os seus apoiadores do cercadinho.
A atitude do presidente da República era até esperada. Isso porque o candidato está em desvantagem contra o seu principal oponente, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em sete pesquisas eleitorais, sendo elas:
- PoderData (divulgada em 7 de setembro): Lula 43% x Bolsonaro 37%
- Quaest (divulgada em 7 de setembro): Lula 44% x Bolsonaro 34%
- Ipec (divulgada em 5 de setembro): Lula 44% x Bolsonaro 31%.
- BTG/FSB (divulgada em 5 de setembro): Lula 42% x Bolsonaro 34%
- DataFolha (divulgada em 01 de setembro): Lula 45% x Bolsonaro 32%
- Ipespe (divulgada em 31 de agosto): Lula 43% x Bolsonaro 35%
- CNT/MDA (divulgada em 30 de agosto): Lula 42,3% x Bolsonaro 34,1%
Bolsonaro, que de nada é ingênuo, aproveitou a oportunidade e a carta branca que recebe das instituições fiscalizadoras para dar um show eleitoral e se promover. E com isso, o atual presidente pode ter cometido crimes de responsabilidade.
Segundo especialistas ouvido pelo jornal Folha de São Paulo, o presidente pode ter utilizado de verbas públicas para fazer campanha política pessoal e escancarada, sendo que o artigo 37 da Constituição brasileira diz que "A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência". Ou seja, em uma comemoração onde Bolsonaro apareceu como chefe de estado, não poderia haver qualquer menção eleitoral, segundo a carta magna brasileira.
Porém, quando se trata de Jair, qualquer coisa pode, mesmo com as mais das absurdas ações.
Entretanto, mais do que o crime, o ato de hoje mostrou como Bolsonaro está em desespero com sua posição eleitoral. Com alto índice de rejeição - segundo o último Datafolha, 52% do eleitorado não votariam de jeito nenhum no atual presidente -, e a possibilidade de perder para o seu maior pesadelo, o candidato do PL fala até de sua capacidade sexual, o que, aliás, não interessa a ninguém, menos do que o Brasil tem a melhorar.
Hoje foi mais um dia em que se mostrou que Bolsonaro não tem a menor capacidade de gerir o Brasil. Tudo que toca em sua mão, vira ruína. E não foi diferente com o 7 de setembro.